A missão era clara: quebrar o ânimo dos prisioneiros a serem interrogados, como reflexo da guerra no Iraque contra os demônios de Alá. Encapuzá-los e levá-los ao inferno para que dessem informações. Despindo-os e formando uma pirâmide, obrigando-os a se masturbarem na frente de outros, para depois serem pisoteados. A nudez constitui uma ofensa maior do que a própria tortura para o muçulmano, tanto que os jornais iraquianos não publicaram as fotos a fim de proteger a imagem das vítimas.
Os maus-tratos infligidos pelos americanos ocorreram no mesmo presídio símbolo da tortura de Saddam Hussein, quando cães famintos se serviam de recalcitrantes ao regime. Freud se orgulharia de sua suprema descoberta: o ato falho.
Ponham na conta da CIA e do Serviço de Inteligência do Exército, com essa obsessão atual de terceirizar tudo. Até interrogatórios no Iraque. A violência e o escândalo se deveram a carcereiros contratados em pizzarias, como Lynndie, ou profissionais como Graner, de cujo currículo constam espancamentos em presídios americanos e agressões físicas à esposa, o que obrigou a polícia a proibi-lo de se aproximar dela num raio de um quilômetro.
A mesma atitude que Portugal tomou quando enviou degredados para colonizar o Brasil. Ou seja, a escória. Com a diferença de que pagam bem o sacrifício desses abnegados patriotas, às custas do petróleo iraquiano. Se o mercenário pirar na Babilônia revivida, mandam-no de volta e tapam o buraco com outro fresquinho da silva.
Amolecer os presos por meio de humilhação foi o princípio que fez Lynndie e Graner se envolverem afetivamente na vistoria às celas. Como ela precisava se mostrar homem, forte e atlética, apelou para impressionar puxando um presidiário nu pela coleira, como se ele fosse um cachorro. Deu certo, ela está grávida. Dando tratos à bola em Bush, que cogita abrir uma exceção na campanha antiaborto, com receio de desencadear uma espiral de aberrações que uma guerra carrega no seu ventre.
máquina bélica americana demonstrou tal superioridade no confronto que desprezou a essência da América vendida: a propagação de valores como o estado de direito, as liberdades democráticas e a inviolabilidade da pessoa. Também, queriam o quê? Implantar uma transformadora experiência democrática na terra de Nabucodonosor? Em desertos onde o petróleo restabeleceu o poderio de monarquias e aiatolás, granjeando respeito e temor ao islamismo. Um desígnio sagrado, sem sombra de dúvida.
As peças não se encaixam no quebra-cabeça a quem se arroga no direito de querer ensinar democracia. A exemplo de Maluf, que desafia quem encontrar contas suas em paraísos fiscais a ficar com o dinheiro depositado. Ao ter falado com Deus e obtido a garantia de que seus pecados são mínimos se comparados com os de Pitta, algum patife depositou 345 milhões de dólares à sua revelia em bancos suíços, na mesma época em que, como prefeito, transformou São Paulo num canteiro de obras. Resultando em constantes inundações que, ainda assim, não fazem decrescer a devoção à sua imagem de administrador competente.
Se instituído o concurso do copo, muita gente boa estaria à frente do presidente Lula, afeito às “branquinhas” para encarar as madrugadas gélidas do ABC paulista. Bush é réu confesso e regenerado. Se considerarmos a eleição como um porre de felicidade, poder-se-ia comprometer o grau de alcoolismo de um país inteiro e – por que não dizer? – de províncias alhures.
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