Rússia e China pouco se importam com o sangue derramado na Síria em que o ditador atual reproduz a matança que seu pai comandou em 1982. Desprezam os novos ares da Primavera Árabe que vieram da Tunísia e do Egito para instaurar a democracia nas autocracias islâmicas. Mesmo porque nunca lidaram com a democracia formal, transitando do czarismo e do império, respectivamente, para o comunismo. Ainda não se livraram do condicionamento de raciocinar como se estivessem na Guerra Fria, defendendo o comunismo contra o colonialismo e o imperialismo ianque. Como se os EUA tivessem prestígio no explosivo Oriente Médio, justamente depois da invasão ao Afeganistão e Iraque, de modo a poder arquitetar mudanças ardilosas de olho em impedir a Rússia de vender armas para o regime sírio, pondo em risco a manutenção da única base naval russa no estratégico Mar Mediterrâneo, e fazendo-a perder influência política junto ao novo mundo árabe democrático que desponta e à Síria, seu único aliado na região. Quando a Rússia herdou da União Soviética sua presença no Oriente Médio, mas lá não conseguiu adicionar nenhum novo amigo em seu Facebook. Não admitir a escalada de mortes e o genocídio perpetrados por Bashar al-Assad pode representar mau agouro para Vladimir Putin, se eleito o futuro presidente da Rússia. A bola da vez.