Se o beijo já era ligado ao Carnaval imortalizado em muitas marchinhas, virou epidemia no afã de uma geração maníaca por contar quantos beijos foram disparados ao longo de festas de formatura ou no correr de boates. Incorrendo no risco de ser o receptor e transmissor da mononucleose, doença viral cujos sintomas principais são a febre, a dor de garganta, de cabeça e muscular, a prostração e a perda de apetite, carecendo de 4 semanas para se recuperar em repouso. A doença do beijo é assim chamada porque os principais reservatórios do vírus estão na saliva, o que torna a chance de transmissão relativamente alta. Como dizer para jovens e inclusive velhos que nada de ficar beijando todo mundo nestes dias de Carnaval? Se Carnaval não é para se levar nada a sério e beijo não tira pedaço de ninguém! Já basta a preocupação broxante de botar camisinha para interromper o clímax na penetração. É muita doença para frear os legítimos desejos de brincar de amor no Carnaval, que nem ainda são carnais! Ou é um espírito de porco que se julgava ultrapassado e sepultado, a grassar por entre adereços, lantejoulas e, sobretudo, nas fantasias, a coibir a libertinagem, a luxúria e a devassidão? Um absurdo, mesmo porque muitos casamentos afloraram em decorrência de um insuspeito beijo no Carnaval. Todavia, o que estraga de verdade o Carnaval é vê-la escapar por entre seus dedos, depois daquele beijo que desperta sentimentos inconfessáveis, contaminado ou não. Por algum infortuito motivo para o qual não estava prevenido, e se arrepender amargamente de uma oportunidade que raramente aparece e que jamais esquecerá.