soprei uma bolha de sabão
que me limpou, me isolou
linda, no alto
mas logo acabou
me despedaçando no chão
efêmera e fugidia
essa bolinha se desfazia
e eu descendo chorava
em agonia
meus iguais já moraram nela
hoje os vejo da janela
juntos e separados como tantos outros
mas esse chão é todo porco
e não há bolhas suficientes
pra toda gente
como fazer arte
com essas bolhas
que logo partem?
como brincar
e fazer novos amigos
sem sujar as mãos?
como sustentar esta ilusão?
Ah, bolha
cai aqui na minha mão
ilumina minha retina
de magia e paixão
bolha, por mais que eu colha
por mais que eu plante
nesse instante tudo é efêmero
e incerto como você
em suspenso no ar
tentando viver