Apesar de ser uma das maiores fontes vivas do extermínio levado a efeito pelas Forças Armadas durante o período de trevas que norteou a ditadura militar, e que ele tenta reeditar em seu governo, Bolsonaro mais uma vez mentiu. Dessa vez sobre o desaparecimento, em 22 de fevereiro de 1974, de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB (Felipe Santa Cruz), identificado pela Comissão Nacional da Verdade como “opositor político ao regime ditatorial de 1964 a 1985”, sem que tivesse havido comprovação de atividade relacionada à luta armada, apenas que ele prestava assistência aos integrantes do movimento. A mãe de Fernando acabou de morrer aos 105 anos e nunca encontrou o corpo do filho, pois não se sabe se incinerado no Rio ou enterrado em vala comum em São Paulo, quando estava sob a custódia do Estado brasileiro. Bolsonaro foi torpe, bastardo e cruel quando alegou que Fernando foi vítima de justiçamento da esquerda, reincidindo a tortura sobre a família e o presidente da OAB, próprio de quem cultua o legado do coronel Ustra e outros psicopatas torturadores da ditadura. Eis que seu lado miliciano se faz nítido, sempre provocando, dessa vez a OAB, que impediu a Polícia Federal de vasculhar a vida do advogado do esfaqueador de Bolsonaro com a intenção de saber quem lhe pagou, e chegar no mandante. Inspirado no ex-juiz Moro, que grampeou os telefones da banca de advogados de Lula, pouco importa para Bolsonaro se existe o sigilo profissional protegido por lei, justamente para não cercear o direito de defesa de qualquer réu. O tosco e ditador pensa que, como presidente, pode passar por cima da lei. Caso contrário, mais veneno e ódio são servidos na bandeja ao povo brasileiro.