As Forças Armadas nunca assimilaram (ou perdoaram?), seja em seus quartéis e escolas, em conversas internas e declarações públicas, o tratamento dado à ditadura militar que vai se enraizando na História do Brasil, cuja interpretação, se pudessem fazê-la a exemplo de Bolsonaro, caso fossem irresponsáveis como o capitão, atribuiriam à cambada de esquerdistas que dominam o meio universitário. Alegam que tomaram o poder, chamados em momento de risco para deter a invasão comunista, ou mesmo esquerdista, que iria romper com as tradições e os costumes da sociedade brasileira e subverter a ordem econômica. Quando vinda à tona, logo num dia 1º de abril (dia da mentira), um golpe chamado de revolução para instaurar no poder mais do mesmo, que vinha sendo recém-combatido, a duras penas, mas sem se pensar em entregar a nação nas mãos do proletariado. 50 anos transcorridos, no auge da era petista, com o século XXI ganhando corpo, eis que a classe militar se sente ofendida com o avanço da Comissão da Verdade no vasculhar as prisões, as execuções e desaparecimentos de corpos dos militantes da luta armada, que se insurgiu para derrubar a ditadura. Porém, nunca confessaram seu desconforto em terem colocado o prestígio e credibilidade da instituição a serviço de um regime bárbaro de tortura, que só não alcançou as mesmas cifras de assassinados nas ditaduras chilena e argentina, pelo fato do diabo não ser tão ruim quanto pintaram. Em 2018, com Bolsonaro na crista da onda, surfaram na oportunidade de recontar a História e mostrar as qualificações de seus quadros, a despeito de terem expulsado de sua corporação o então tenente, reformado como capitão para compensar a defenestração por motivo de insanidade mental. O movimento mais arriscado nos últimos tempos das Forças Armadas, na ânsia de adotar Bolsonaro como irmão siamês, a ter de justificar, proteger, blindar, se meter em guerras que não suas, quando não marionetes de um desequilibrado mental. Como se já não bastassem as trapalhadas no fim do canhestro regime com o atentado a bomba no Riocentro e o infarto no General Figueiredo.