O fato de sermos uma potência cristã não nos autoriza a abusar de Deus, desvalorizando-O numa mísera nota de 1 real com “Deus seja louvado”. Nem muito menos colocar um cajado na mão da governadora Rosinha Garotinho, que instituiu o ensino religioso confessional (separado por credos) no currículo básico das escolas públicas, ofendendo a liberdade religiosa garantida pela separação entre o Estado laico e as igrejas, princípio das democracias republicanas que superou a onissapiência da Inquisição.
Desde que seu marido sofreu um acidente que quase lhe tirou a vida e o casal se tornou crente, a resgatar uma dívida na prática política, com a qual nós nada temos com isso, além da solidariedade e da compaixão, a população vem sofrendo a desventura de ser atéia ou de não ter escolhido a fé certa. Agora essa, instaurando o fundamentalismo religioso através de autoridades eclesiásticas que definirão o conteúdo das disciplinas.
Fazendo crer que Leonardo Boff jamais será consultado, já que a jurássica medida implica em punir com afastamento ou demissão o professor de religião que perder a fé e tornar-se ateu. Pois se o Vaticano perdeu a fé e o induziu a uma exclusão branca!
Desprezam o ecumenismo que rege o fundamental no ensino, ou seja, que se repasse apenas os valores éticos, históricos e antropológicos comuns a todas as crenças. A escola não é extensão de igrejas, templos, mesquitas e sinagogas, quando o que se precisa é que o aluno recobre o gosto por ler e saiba interpretar o texto a que se propõe entender. Que não ponha a carroça na frente dos burros e que não se dependure nos galhos por acreditar em milagre. A escola foi concebida para voar através da imaginação, mas com os pés no chão. Caso contrário, a aula vira sessão de descarrego, incorporação de espíritos, cântico de mantras, hare krishna, meditação, levanta a mão e se entrega a Jesus!
A rigor, se fôssemos levar a sério a globalização, o ideal seria uma cadeira sobre o ecumenismo para aprendermos mais sobre islamismo, budismo, taoísmo, em contraste com o cristianismo, do qual já estamos carecas de saber. Aprender a distinguir a diferença entre religião e filosofia.
Senão nossos filhos correrão o risco de se tornarem bruxas de salém, vítimas de fanatismo e abuso de poder. Desencadeada uma loucura coletiva a serviço de uma causa religiosa, desde que atraída uma massa interessada em erradicar a droga, o homossexualismo, a prostituição, os vícios em geral que desvirtuam a molecada. A chave do poder é a garantia para entrar no reino do Céu.
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