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CABO ANSELMO, UM DOS MAIORES TRAIDORES DO BRASIL

Cabo Anselmo foi o marinheiro que entrou para a História, nos idos do golpe de 64, como o dedo-duro que passou a colaborar com o regime militar e agente duplo da repressão delatando ex-companheiros de farda e perseguidos políticos, na sequência de ter lançado os seguintes petardos no discurso da Revolta dos Marinheiros, no dia 25 de março de 1964: “Quem tenta subverter a ordem não são os marinheiros, os soldados, os fuzileiros, os sargentos e os oficiais nacionalistas, como também não são os operários, os camponeses e os estudantes. A verdade deve ser dita: quem, neste país, tenta subverter a ordem são os aliados das forças ocultas, que levaram um presidente ao suicídio (Vargas), outro à renúncia (Jânio Quadros), e tentaram impedir a posse de Jango (em 1961) e agora impedem a realização das reformas de base (que mudariam a essência do Brasil)”. O discurso bombástico irritou os militares e serviu de estopim para depor Jango Goulart, com Cabo Anselmo sumindo pior que o cantor Geraldo Vandré – quando ameaçado pelos milicos para não mais cantar músicas subversivas como “Pra não dizer que não falei de flores”. Virou lenda, cooptado pelo regime e informando ao aparelho de torturas quais os adversários da ditadura militar que integravam a luta armada – não existe só Cabo Anselmo nessa parada, que não é a militar. Quantos não fizeram discurso revolucionário em sua juventude para depois se venderem ao vil metal, a serviço de forças retrógradas e até pisando no pescoço de quem mais foi seu companheiro? Há quem diga que Cabo Anselmo já blefava à época do discurso como agente infiltrado do aparato militar, que se preparava para pôr as garras no Brasil, afastando inclusive Carlos Lacerda, seu mais fiel preposto. À medida que um cenário maior se descortina dos bastidores da máquina de matar montada pelos militares para desbaratar quem pensasse em contrário, a decantada honestidade de propósitos e dignidade dos altos escalões militares à época, para comparar com a corrupção atual do poder civil, nos leva à seguinte indagação: quem é pior, o assassino ou o ladrão?
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Antonio Carlos Gaio:
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