Se fosse nordestino diriam que é preconceito. Jefferson decidiu por sair atirando quando inserido no flagrante dos Correios como mandante. A ser julgado por uma mixaria de 3 mil reais, é preferível declarar que perdeu a chave do cofre esfumaçando 4 milhões na campanha eleitoral para prefeitos. Perdeu o instinto de sobrevivência que, no político, alcança as raias da megalomania. Aceitou imolar-se, desde que leve junto para o inferno Zé Dirceu. Cabendo duvidar de sua sanidade mental, conforme aventou o psiquiatra Severino. Pois se virou cantor lírico, amante do “Fantasma da Ópera”, a nos brindar com sua voz maviosa em Te voglio tanto benne: vai cantar bem assim nas praias de Cabo Frio!
Como dizia Brizola, quem tem couro de jacaré, olho de jacaré e boca de jacaré, é jacaré.
Como tudo está perdido mesmo, renuncia antes da cassação e se reelege como o paladino da lavagem de honra e autor da maior crise moral vivida pela República, desde que deletaram PC Farias e sua amásia. Em sendo ele um dos causídicos mais brilhantes que o Mal já produziu no Brasil para botar no Congresso, a fim de testar nossa consciência política, considera como favas contadas o enfrentamento com o Ministério Público, Polícia e Receita Federal, acostumado a pugnas piores no convívio diário com o sórdido ambiente de delegacias e presídios – um advogado de porta de cadeia que venceu na vida. Jacta-se do exemplo de Collor, a quem defendeu em 103 processos e conseguiu inocentá-lo em todos.
Todo partido político tem o seu homem da mala, expressão roubada ao futebol para comprar juiz. Imagine a troca de tecnologia entre PC Farias e o cangaceiro da tropa de choque do Collor, regada a uísque 60 anos. Que inocência do Zé Dirceu, formado em luta armada, achar que o passarinho ia comer em suas mãos. Que desídia do comandante recalcado com o fato do governo Lula não ser seu. Como tamanha inteligência não previu que tesoureiros falam por suas ações de pagar e receber, de comprar e vender? E, em sendo do PT, destrói um patrimônio moral construído com requintes de ourives, reconhecido até por qualquer garotinho da oposição. A eminência parda é o maior responsável pela debacle nas hostes petistas, numa luta sem fronteiras com os adversários em que mesclava autoritarismo e malandragem. Tirando Lula da posição de surdo para fazê-lo entrar na realidade e interromper seu namoro com o mito.
Mas, por favor, deixem o povo fora dessa briga. Decidam entre vocês, façam o seu jogo!