O voto de Rosa, Fux, Cármen e Toffoli. O estilo de cada um com a maioria votando contra a corrupção sem necessitar haver uma contrapartida como mulheres, imóveis, lanchas, viagens ou negócios ilícitos. Rosa Weber foi a que mais surpreendeu com seu jeito simples de falar, a condenar o sorrateiro: “não importa o destino dado ao dinheiro escuso porque, em qualquer hipótese, a vantagem não deixa de ser indevida”. E pau no deputado João Paulo Cunha. A impunidade no Brasil levou Cármen Lúcia a condená-lo, sem mais delongas. Toffoli, ex-advogado do PT e chegado ao José Dirceu, destoou de seus colegas absolvendo-o, o que não causou surpresa ao se mostrar feliz por participar do julgamento do século com o seu voto. Fux foi o que gastou mais tempo para filosofar a fim de não abstrair-se discorrendo sobre a elasticidade na admissão da prova acusatória, pelo fato do julgamento do mensalão tratar de crimes não feitos às claras e de difícil comprovação. Optou por derrubar a consagrada tese da presunção da inocência para dourar a pílula de uma obviedade de sua lavra: “não é qualquer fato posto que pode destruir a razoabilidade de uma acusação”. Fux finaliza com raro brilhantismo: “num julgamento, há a busca incessante pela verdade. A verdade é uma quimera (um produto da imaginação sem possibilidade de realizar-se, um absurdo, uma fantasia), é o que se deduz. Num julgamento se trabalha com a verdade suficiente”. Pensando bem, Fux foi bastante verdadeiro na condenação.