Preocupado com suas ligações perigosas com Demóstenes e Cachoeira, até agora abafadas, Gilmar Mendes vem se mostrando bastante comedido e calado ao longo do julgamento. Ele que é chegado aos holofotes. Esperto, percebeu que o ministro Joaquim Barbosa iria lhe roubar o palco como relator no papel de carrasco, fazendo as vezes de Robespierre na Revolução Francesa, quando mandava decapitar todas as cabeças, sem distinção. Para que o ministro tucano iria se desgastar, se o discurso de condenar todos os petistas ficaria com Joaquim Barbosa? Deu uma de avestruz! A função de lidar mal com o contraditório na opinião pública foi repassada a Joaquim, quando ele declarou que não tem que dar satisfação alguma de suas decisões na Corte Suprema, a não ser a seus pares, e ainda alardeou ter sido muito generoso com os réus. O ministro não tem pudores em se exibir como uma figura intransigente, autoritária, ríspida, casca grossa – sem a sabedoria e elegância de um Ayres Britto que, por sinal, condena, e muito. É o tipo do indivíduo que, mesmo com razão, perde a razão. Está pouco se importando com a assertiva do ministro Marco Aurélio Mello de que “antes um culpado solto do que um inocente preso”, no proliferar de mudar jurisprudência a três por dois, na falta de provas não constituir problema e os indícios formarem uma verdade real que passa por cima da verdade processual. Independente de você olhar para o mensalão como um todo, e se assegurar de que ali tem coisa merecedora de punição. A mídia não lhe faz um reparo acerca de seu perfil antipático e espelho refletor de rejeições e preconceitos por que passou para chegar a ser um iracundo juiz supremo. Claro, ele segue o script à perfeição. O ingênuo, natural de Paracatu, está sendo usado como bucha de canhão e nem se apercebe, imbuído do seu papel nobre de fazer justiça, como nunca antes no Brasil, de que está encarnando um justiceiro como Robespierre. Muito mais ao feitio de um procurador (que foi na sua origem) e promotor do que de um magistrado equilibrado e com igualdade de temperamento. Nem o ladino Gilmar Mendes faria melhor.
Deixe um comentário