Dentre os flagelos destrutivos, naturais e independentes do homem, a peste, a fome, as inundações, os terremotos, os furacões, as intempéries assomam e são fatais à produção que se origina da terra. Segundo Allan Kardec, os flagelos são provações morais que fornecem ao homem a ocasião de exercer sua inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação à vontade de Deus, quando o submete a testes extenuantes e às mais duras necessidades, o que o leva a sentimentos de abnegação, de altruísmo e de amor ao próximo, se ele deixou de ser dominado pelo egoísmo. Muitos dos flagelos decorrem de sua imprevidência e maus-tratos à Mãe Natureza, quando age de forma negligente e irresponsável. No entanto, à medida que adquire maiores conhecimentos, sensibilidade e experiência, o homem pode afastar a ameaça do mal, ou melhor, se prevenir, se souber pesquisar as causas. Porém, dentre os males que afligem a Humanidade, existem os que são baixados por decreto da Providência Divina, aos quais o homem não pode se opor e somente se resignar à vontade de Deus.
Mas o homem já não encontrou na Ciência, no aperfeiçoamento da agricultura, nas irrigações, nas obras de contenção, na atenção às condições higiênicas, os meios necessários para neutralizar ou, ao menos, atenuar os desastres do meio ambiente?
A ducentésima décima oitava intervenção espiritual, em 14 de junho de 2024, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 126 (“Obediência construtiva”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 5 (“Bem-aventurados os aflitos”), itens 29, 30 e 31 (“Sacrifício da própria vida. Proveito do sofrimento”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Com que objetivo Deus inflige à Humanidade flagelos que reduzem nossa condição humana ao seu verdadeiro tamanho? Para fazê-la avançar mais rápido. Se Deus deu a nós todos os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal e nós não aproveitamos.
Mas o flagelo faz sucumbir tanto os homens de bem como os perversos, isso lá é justiça? Por que castigar tanto o seu orgulho, só para lhe fazer sentir sua fraqueza? Esses sofrimentos podem ser úteis se, pelo trabalho, privações e sacrifícios a que se impõem, contribuem para o bem-estar material de seu próximo. Moralmente, por induzir os infelizes à resignação, salvá-los do desespero e de suas consequências desastrosas para o futuro.
Acontece que os contratempos gerados pelos flagelos são frequentemente necessários para apressar a chegada de uma nova ordenação e a vinda de coisas melhores em alguns anos na região ou país em que vivemos, e que bem exigiriam séculos.
A destruição é indispensável à regeneração moral dos Espíritos de modo a propiciar a cada encarnação um novo grau de aperfeiçoamento. O que não fará o homem por seu bem-estar material, quando souber aproveitar todos os recursos de sua inteligência e, aos cuidados de sua conservação pessoal, puder aliar o sentimento de uma verdadeira caridade para os seus semelhantes?