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CAPÍTULO 224 – UM POUCO MAIS DE TEMPO

Os pobres de espírito são notoriamente associados a seres desprovidos de inteligência, que não conseguem enxergar mais além, quando não rotulados de extremamente limitados por serem gente simples. Mas Jesus adverte que o Reino dos Céus é daqueles que cultivam a humildade de espírito e a simplicidade do coração. A despeito dos sorrisos de desdém por tudo o que não é do mundo físico e visível por quem considera seus conhecimentos a medida da inteligência universal, mas não crendo na possibilidade daquilo que não entendem, considerando seus julgamentos como definitivos e inapeláveis.
Aos 99 anos de idade, uma senhora deu entrada no hospital, por ter passado mal durante a madrugada. Sentia muitas dores no braço esquerdo e na região do coração. O batimento cardíaco disparou e a pressão se elevou. De início, se pensava que estivesse infartando, mas a leitura dos exames informou que estava com uma arritmia grave. Seguiu direto para a UTI. Diariamente, sua filha a visitava com os médicos sempre informando sobre a dificuldade de controlar a arritmia, que continuava alta e variava muito. Para a infecção urinária estava tomando antibiótico e a melhora era imperceptível até que, transcorridos quatro dias, a médica de plantão na UTI avisou que ela tinha poucas horas de vida. O rim se encontrava praticamente parado e os outros órgãos, comprometidos. Não mais deglutia e a infecção estava se generalizando. Com a temperatura do corpo muito fria, a ponta dos dedos das mãos e dos pés escureceram, o que significava problemas de circulação de sangue. Enquanto a filha ouvia atentamente a médica, pensava no que poderia fazer para aquecer sua mãe. Para o coração da filha, a mãe não dizia que estava indo embora. Bastou a médica se afastar um pouco para a mãe tentar balbuciar algumas palavras. A filha se aproximou para a mãe, quase sem forças, reclamar que não tinham dado água nem comida naquele dia. Também pudera, ela não conseguia mais deglutir e era alimentada na base do soro! Se continuasse a ingerir alimentos, poderia morrer engasgada. A filha pensou, “se minha mãe tem poucas horas de vida, por que falecer com sede?”. Imediatamente se encarregou de dar um copo d’água para a mãe sorver aos pouquinhos. O enfermeiro a preveniu do risco da água se dirigir para outros canais e ser fatal. A mãe tossiu bastante, mas foi bebendo e dando a impressão de que a cor em seu rosto mudava e a palidez ia desaparecendo. Chamado para dar o seu parecer, o médico geriatra da mãe confirmou o diagnóstico de restar poucas horas de vida e que, no decorrer de seus 30 anos de prática de medicina e registros na literatura médica, os pacientes nunca se recuperavam diante de tal estado. A filha, então, informou ao médico que não arredaria o pé do hospital, para que pudesse estar ao lado da mãe em seus derradeiros instantes, nem que fosse na recepção. Seguindo a mesma linha de raciocínio, se ela está morrendo, por que ir embora da vida com fome? O enfermeiro gentilmente retornou com um copo de vitamina de frutas e devagarzinho a filha fez com que a mãe tomasse tudo, conseguindo permanecer na UTI e não ter que sair ao final da visita à noite. Os pés da mãe prosseguiam gelados, mas alertaram a filha de que não era aconselhável colocar nenhuma bolsa quente em virtude de a pele do idoso ser muito fina e poder ocasionar queimadura grave. A filha, então, decidiu se debruçar sobre os pés da mãe para aquecê-los com o calor do seu corpo. Deu certo, o corpo dela se aqueceu – quando as extremidades dos pés e das mãos voltam a ficar aquecidas, a sensação de conforto é inigualável. Às 23 horas, o mesmo enfermeiro que forneceu a água, e depois a vitamina, trouxe chá e biscoitos para a acompanhante, esclarecendo ficar a seu critério a sua mãe ingerir ou não o chá. A filha não só deu o chá como também os biscoitinhos de maisena umedecidos no próprio chá. O que a fez dormir profundamente, a despeito de não a impedir de acordar durante a madrugada umas três vezes com perguntas rotineiras como se estivesse em casa. No café da manhã, a mãe já se serviu de um mingau quente e nutritivo de milho em leite com cheiro de baunilha, apesar de vir fumegando e apresentar dificuldades para ela engolir. Tomou tudo. Em seguida, a filha lhe ofereceu leite. A princípio disse não, pontuando que o leite tiraria aquele gosto inesquecível de mingau da boca, até que começou a beber aos poucos. Diante da cena da alimentação, médicos e equipe de enfermagem olharam para os monitores e se entreolharam, para o médico responsável constatar: “O quadro mudou!”. Mais 13 dias e foi transferida para um apartamento no hospital, ainda fraquinha e se alimentando por sonda, mas com os sinais vitais melhorando bastante.
Eis a revelação. Contada para um sobrinho, que a visitava no CTI. Sobre o que aconteceu naquela madrugada em que ela foi desenganada e que não iria resistir por muito tempo: “Que bom que você veio porque eu preciso contar o que me aconteceu. Para você eu posso falar. Não podia falar antes, senão minha filha brigaria comigo. Por que eu saí (do hospital) com uma pessoa que eu nem conheço e sem que a minha filha tomasse conhecimento? Chegou aqui no hospital um rapaz muito jovem, bonito, bem-vestido e extremamente educado, dizendo para eu não ter medo, e me colocou num ônibus de luz. O ônibus pôs-se a caminho e andava, andava, até, de repente, a cidade ir ficando para trás, passando a distinguir suas luzes lá longe, quando nos deparamos com um lindo e vasto campo. Todavia, continuamos a andar, andar, andar, ainda naquele ônibus de luz. Agora chovia, mas sem molhar. Perto dali um rio largo, não se via o céu, tudo era muito, muito claro, e música a valer! Durante o trajeto, a conversa com esse rapaz só girava sobre pessoas da família. Com ele sempre repetindo, não tenha medo. Mas o ônibus se afastou demasiado da cidade e eu o avisei que precisava voltar em razão de minha filha não saber que eu tinha saído do hospital e com uma pessoa que nem conhecia, motivo suficiente para ela brigar muito e perder a paciência comigo. O rapaz reiterava para não me preocupar, mas eu insistia em regressar, até que ele concordou em me trazer de volta. Ao que eu o inquiri: Onde você vai colocar gasolina para voltar? Ele recomendou a mim não me inquietar e, então, não sei como, já estávamos de volta. Sinceramente? Eu acho que não era neste mundo”.
O sobrinho, impressionado, pensando que ela estava inventando tudo isso, pediu que repetisse a história, achando que ela iria mudar a ordem das coisas, mas ela repetiu, por mais de uma vez a mesma história.
A ducentésima vigésima quarta intervenção espiritual, em 6 de setembro de 2024, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 132 (“Vigilância”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 7 (“Bem-aventurados os pobres de espírito”), itens 1 e 2 (“O que é preciso entender por pobres de espírito”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Sendo a mãe muito ligada à filha, o mentor respeitou a vontade da senhora de 99 anos. Ato contínuo, ela foi transferida para um apartamento no hospital de forma que pudesse estreitar seus laços com a filha, ainda mais por ela ser, dia e noite, uma excelente receptora de mensagens espirituais, dando margem para que a mãe pudesse compreender a espiritualidade em toda a sua extensão e ir, pouco a pouco, se desligando da vida material. Por isso, o novo mundo que lhe foi apresentado, de forma fugaz, não lhe soou tão estranho assim, como ainda era se desligar de sua filha e deixá-la sozinha aqui. Sem descendentes ou família formada. Motivo suficiente para não a largar ao desamparo.
Mas havia que cortar os laços físicos. Passados 20 dias, a senhora entrou em coma e desencarnou. Sem choro alto, apenas lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto, e a boca trêmula, sem que qualquer som fosse emitido, a filha lamentou que sua mãe não pudesse ficar um pouco mais de tempo.

CAPÍTULO 224 – UM POUCO MAIS DE TEMPO

6 de setembro de 2024

Os pobres de espírito são notoriamente associados a seres desprovidos de inteligência, que não conseguem enxergar mais além, quando não rotulados de extremamente limitados por serem gente simples. Mas Jesus adverte que o Reino dos Céus é daqueles que cultivam a humildade de espírito e a simplicidade do coração. A despeito dos sorrisos de desdém por tudo o que não é do mundo físico e visível por quem considera seus conhecimentos a medida da inteligência universal, mas não crendo na possibilidade daquilo que não entendem, considerando seus julgamentos como definitivos e inapeláveis.
Aos 99 anos de idade, uma senhora deu entrada no hospital, por ter passado mal durante a madrugada. Sentia muitas dores no braço esquerdo e na região do coração. O batimento cardíaco disparou e a pressão se elevou. De início, se pensava que estivesse infartando, mas a leitura dos exames informou que estava com uma arritmia grave. Seguiu direto para a UTI. Diariamente, sua filha a visitava com os médicos sempre informando sobre a dificuldade de controlar a arritmia, que continuava alta e variava muito. Para a infecção urinária estava tomando antibiótico e a melhora era imperceptível até que, transcorridos quatro dias, a médica de plantão na UTI avisou que ela tinha poucas horas de vida. O rim se encontrava praticamente parado e os outros órgãos, comprometidos. Não mais deglutia e a infecção estava se generalizando. Com a temperatura do corpo muito fria, a ponta dos dedos das mãos e dos pés escureceram, o que significava problemas de circulação de sangue. Enquanto a filha ouvia atentamente a médica, pensava no que poderia fazer para aquecer sua mãe. Para o coração da filha, a mãe não dizia que estava indo embora. Bastou a médica se afastar um pouco para a mãe tentar balbuciar algumas palavras. A filha se aproximou para a mãe, quase sem forças, reclamar que não tinham dado água nem comida naquele dia. Também pudera, ela não conseguia mais deglutir e era alimentada na base do soro! Se continuasse a ingerir alimentos, poderia morrer engasgada. A filha pensou, “se minha mãe tem poucas horas de vida, por que falecer com sede?”. Imediatamente se encarregou de dar um copo d’água para a mãe sorver aos pouquinhos. O enfermeiro a preveniu do risco da água se dirigir para outros canais e ser fatal. A mãe tossiu bastante, mas foi bebendo e dando a impressão de que a cor em seu rosto mudava e a palidez ia desaparecendo. Chamado para dar o seu parecer, o médico geriatra da mãe confirmou o diagnóstico de restar poucas horas de vida e que, no decorrer de seus 30 anos de prática de medicina e registros na literatura médica, os pacientes nunca se recuperavam diante de tal estado. A filha, então, informou ao médico que não arredaria o pé do hospital, para que pudesse estar ao lado da mãe em seus derradeiros instantes, nem que fosse na recepção. Seguindo a mesma linha de raciocínio, se ela está morrendo, por que ir embora da vida com fome? O enfermeiro gentilmente retornou com um copo de vitamina de frutas e devagarzinho a filha fez com que a mãe tomasse tudo, conseguindo permanecer na UTI e não ter que sair ao final da visita à noite. Os pés da mãe prosseguiam gelados, mas alertaram a filha de que não era aconselhável colocar nenhuma bolsa quente em virtude de a pele do idoso ser muito fina e poder ocasionar queimadura grave. A filha, então, decidiu se debruçar sobre os pés da mãe para aquecê-los com o calor do seu corpo. Deu certo, o corpo dela se aqueceu – quando as extremidades dos pés e das mãos voltam a ficar aquecidas, a sensação de conforto é inigualável. Às 23 horas, o mesmo enfermeiro que forneceu a água, e depois a vitamina, trouxe chá e biscoitos para a acompanhante, esclarecendo ficar a seu critério a sua mãe ingerir ou não o chá. A filha não só deu o chá como também os biscoitinhos de maisena umedecidos no próprio chá. O que a fez dormir profundamente, a despeito de não a impedir de acordar durante a madrugada umas três vezes com perguntas rotineiras como se estivesse em casa. No café da manhã, a mãe já se serviu de um mingau quente e nutritivo de milho em leite com cheiro de baunilha, apesar de vir fumegando e apresentar dificuldades para ela engolir. Tomou tudo. Em seguida, a filha lhe ofereceu leite. A princípio disse não, pontuando que o leite tiraria aquele gosto inesquecível de mingau da boca, até que começou a beber aos poucos. Diante da cena da alimentação, médicos e equipe de enfermagem olharam para os monitores e se entreolharam, para o médico responsável constatar: “O quadro mudou!”. Mais 13 dias e foi transferida para um apartamento no hospital, ainda fraquinha e se alimentando por sonda, mas com os sinais vitais melhorando bastante.
Eis a revelação. Contada para um sobrinho, que a visitava no CTI. Sobre o que aconteceu naquela madrugada em que ela foi desenganada e que não iria resistir por muito tempo: “Que bom que você veio porque eu preciso contar o que me aconteceu. Para você eu posso falar. Não podia falar antes, senão minha filha brigaria comigo. Por que eu saí (do hospital) com uma pessoa que eu nem conheço e sem que a minha filha tomasse conhecimento? Chegou aqui no hospital um rapaz muito jovem, bonito, bem-vestido e extremamente educado, dizendo para eu não ter medo, e me colocou num ônibus de luz. O ônibus pôs-se a caminho e andava, andava, até, de repente, a cidade ir ficando para trás, passando a distinguir suas luzes lá longe, quando nos deparamos com um lindo e vasto campo. Todavia, continuamos a andar, andar, andar, ainda naquele ônibus de luz. Agora chovia, mas sem molhar. Perto dali um rio largo, não se via o céu, tudo era muito, muito claro, e música a valer! Durante o trajeto, a conversa com esse rapaz só girava sobre pessoas da família. Com ele sempre repetindo, não tenha medo. Mas o ônibus se afastou demasiado da cidade e eu o avisei que precisava voltar em razão de minha filha não saber que eu tinha saído do hospital e com uma pessoa que nem conhecia, motivo suficiente para ela brigar muito e perder a paciência comigo. O rapaz reiterava para não me preocupar, mas eu insistia em regressar, até que ele concordou em me trazer de volta. Ao que eu o inquiri: Onde você vai colocar gasolina para voltar? Ele recomendou a mim não me inquietar e, então, não sei como, já estávamos de volta. Sinceramente? Eu acho que não era neste mundo”.
O sobrinho, impressionado, pensando que ela estava inventando tudo isso, pediu que repetisse a história, achando que ela iria mudar a ordem das coisas, mas ela repetiu, por mais de uma vez a mesma história.
A ducentésima vigésima quarta intervenção espiritual, em 6 de setembro de 2024, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 132 (“Vigilância”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 7 (“Bem-aventurados os pobres de espírito”), itens 1 e 2 (“O que é preciso entender por pobres de espírito”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Sendo a mãe muito ligada à filha, o mentor respeitou a vontade da senhora de 99 anos. Ato contínuo, ela foi transferida para um apartamento no hospital de forma que pudesse estreitar seus laços com a filha, ainda mais por ela ser, dia e noite, uma excelente receptora de mensagens espirituais, dando margem para que a mãe pudesse compreender a espiritualidade em toda a sua extensão e ir, pouco a pouco, se desligando da vida material. Por isso, o novo mundo que lhe foi apresentado, de forma fugaz, não lhe soou tão estranho assim, como ainda era se desligar de sua filha e deixá-la sozinha aqui. Sem descendentes ou família formada. Motivo suficiente para não a largar ao desamparo.
Mas havia que cortar os laços físicos. Passados 20 dias, a senhora entrou em coma e desencarnou. Sem choro alto, apenas lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto, e a boca trêmula, sem que qualquer som fosse emitido, a filha lamentou que sua mãe não pudesse ficar um pouco mais de tempo.

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Antonio Carlos Gaio
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