Todos os livros do escritor romeno Micea Cartarescu são escritos de primeira, sem qualquer revisão posterior. Escreve à mão como se estivessem ditando para ele. Cartarescu revela que existe alguém nele, mais inteligente e mais talentoso, ditando cada frase. Sua confiança nessa voz que vem de dentro é total, quando lembra que a escrita é uma questão de crença, de vida e morte como nos textos sagrados.
Micea Cartarescu é mais um espírita que não sabe que é espírita. A exemplo de filmes que assistimos sem que o diretor ou os produtores sequer se apercebam no roteiro ou em cenas filmadas a espiritualidade se fazendo presente. Tal como pessoas comuns que não acreditam em nada após a morte e se contradizem ao chamar a existência aqui na Terra como jornada. Os músicos, quando compõem, com a música entrando pelos ouvidos, fenômeno esse conhecido por inspiração. Nessa hora, estão todos aptos a ouvir os recados transmitidos do Cosmos.
A humanidade avança de forma progressiva, ainda que lenta. Mas quando um povo não avança o suficiente, Deus suscita, de tempos em tempos, uma sacudidela física ou moral para despertá-lo rumo às transformações. O homem não pode ficar perpetuamente restrito às ignorâncias, devendo se esclarecer pelas revoluções morais bem como pelos conflitos sociais que se infiltram pouco a pouco por entre suas ideias, que germinam durante séculos, para de repente explodir e pôr abaixo o edifício do passado afogado em vermes, já que não se encontra mais em harmonia com as novas necessidades e aspirações atualizadas. O homem não nota, em meio a comoções que se tornam cada vez mais frequentes, a desordem e a confusão que repercutem em seus interesses materiais. A miséria provoca murmúrios contra Deus, enquanto a riqueza nos conduz a todos os excessos.
A ducentésima vigésima oitava intervenção espiritual, em 1 de novembro de 2024, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 136 (“Filhos”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 7 (“Bem-aventurados os pobres de espírito”), item 11 (“O orgulho e a humildade”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Se permanecermos insensíveis à voz dos Espíritos enviados para purificar e renovar a nossa sociedade civilizada, hoje versada em ciências e, todavia, tão precária em bons sentimentos, só nos restará chorar e lastimar por nossa sorte.
As ideias só se transformam a longo prazo, jamais subitamente e nunca por encantamento. Elas vão enfraquecendo de geração para geração e terminam por desaparecer, pouco a pouco, junto com os velhos hábitos e com quem as professavam, para dar lugar a outros indivíduos imbuídos de novos princípios, de igual forma como ocorre no ideário político.
Gradualmente, o véu vai se dissipando e o espiritismo vem para rasgá-lo completamente. O primeiro passo tornará os outros mais fáceis. Cada coisa a seu tempo. Você não ensina para as crianças o que ensina para os adultos, não dá de comer ao recém-nascido a comida que ele não possa digerir. Já ensinaram aos homens um amontoado de coisas que eles não compreenderam ou desnaturaram, mas que hoje eles podem compreender. Há que preparar o terreno para receber a semente que irá frutificar o seu jardim.