O que chamou a atenção no voto de Rosa Weber – a revelação dentre os ministros – foi ela ter confessado que condenou José Dirceu com a maior tristeza d’alma, como se à mercê de um palpite infeliz, embora reconhecesse que não dá para aceitar que Marcos Valério e Delúbio agiram sem um comandante à testa. Não é possível acreditar que Delúbio sozinho tivesse comprometido o PT com uma dívida de R$ 55 milhões e repassado metade disso aos partidos da base aliada. Como não condenar Dirceu, que era considerado o manda-chuva do PT e eminência parda do Lula? O seu cardeal Richelieu. Rosa finalizou com um “não conseguiria pôr a cabeça no travesseiro” – o remorso falando mais alto. Deixando vago se não havia comprovação cabal nos autos, seja documental ou pericial, se não queria se dobrar diante do inimigo figadal de Dirceu que o delatou, ou se seu coração mandava não cortar a cabeça desse guerrilheiro que ainda continua a incendiar corações. Mas aí Rosa Weber entraria em tremenda contradição como o ministro Lewandowski, que defendeu José Dirceu melhor do que o seu próprio advogado de defesa ao encampar a tese do crime sem mandante, invocando somente testemunhos em favor de Dirceu e Genoino e acusando o julgamento de estar sendo feito à base de ilações e deduções, sem o concurso de provas objetivas. É a palavra de um juiz contra o outro. Contra a maioria que expressa o desejo de condenar. Rosa não quis entrar em fria, ela que é novata no colegiado. Um dia ela explicará se não ficou com remorso de ter mandado José Dirceu para a prisão e o que tanto a afligia. Por que tanta admiração?