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CAPÍTULO 3 – O COMPLEXO DE VIRA-LATA

Lamuriam com raiva os que afirmam que os brasileiros são incapazes de organizar uma Copa no mesmo padrão das que fizeram Alemanha, Estados Unidos e outros países do Primeiro Mundo com os quais, como bons vira-latas, buscamos nos comparar. Sentem vergonha de seu país, de sua inépcia em planejar e capacidade de organizar, das dificuldades em desenvolver sua infraestrutura. Furiosos, afirmam que estamos passando uma imagem ruim para fora do Brasil às vésperas da Copa do Mundo 2014, marcada por greves e manifestações que beiram a convulsão social, que vão de flechada em PM até interrupções em vias públicas que impedem o direito de ir e vir que deve ser assegurado ao cidadão. Argumentos que não enaltecem a democracia e se aproximam da ditadura, para pôr o todo confuso nas costas do governo Dilma, por mais que os estados e municípios tenham sua cota de culpa. Transtornados, não são capazes de enxergar que o país, a despeito de suas falhas, está caminhando para a frente, ao seu modo, mas avançando, e não regredindo. Revela instituições políticas fortes, a sétima economia do mundo e bem diversificada, um povo vibrante e uma sociedade que despertou para não mais aturar seus defeitos. O país está dividido ao meio, segundo as pesquisas – quanto melhor a avaliação do governo Dilma, mais se acha que a Copa será boa para o Brasil, e quanto pior a avaliação, mais o vira-lata considera que a Copa será nociva para o Brasil. Entre a Copa que será útil para o país por gerar empregos e deixar legados na infraestrutura e a que será ruim, porque roubou recursos de saúde e educação e os direcionou para os estádios. Os vira-latas manifestam claramente sua vergonha de serem brasileiros e acostumaram-se ao papel de escarrar esse gosto ruim do Brasil, em seu eterno complexo de inferioridade e apreço ao pensamento colonizado com uma sentida frustração de não terem nascido em outro berço. Atingindo seu próprio universo particular, que naturalmente deve se estender a outros campos de atuação e não precisa de psicanalista nenhum para diagnosticar a mixórdia que isso está se tornando.

Antonio Carlos Gaio:

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