Quem mandou Lula confiar em Roberto Jefferson a ponto de não temer passar-lhe um cheque em branco? Em retribuição, Jefferson exigiu sua exclusão do banco dos réus para lá colocar Lula como chefe da quadrilha do mensalão, em sua enésima versão – Lula não só sabia como ordenou o esquema de comprar votos. Aceito como verdade absoluta pelos antilulistas, povo honesto que faz questão de primar pela dignidade, mas que não teve dúvidas em se alinhar com a denúncia de um mafioso que confessou nos autos ter botado a mão em R$ 4,54 milhões, alegados como dinheiro de campanha municipal e não originados do valerioduto, não sabendo tratar-se de dinheiro sujo e posando de vestal. Os antilulistas baseiam-se na máxima de que ladrão conhece sobejamente quem é ladrão, acalentados pelo desejo recíproco de condenar um cacique político e antipático, useiro e vezeiro em manobras de bastidores, e pior, que já foi comunista. No entanto, a defesa de Roberto Jefferson é do mesmo nível do cliente. Adora jogar pesado, ver o circo pegar fogo e correr riscos na intenção de ridicularizar o monstrengo montado pelo procurador Gurgel: vai gerar um festival de absolvições! Acusou-o de jogar a população contra o Supremo, já que o tribunal não poderá condenar em face da vadiagem probatória. Acusou-o de sentar em cima da investigação do ex-senador Demóstenes Torres, em 2009, quando já mancomunado com Cachoeira, dando margem a ser investigado por crime de responsabilidade por omissão. Acusou-o de extrapolar suas atribuições ao incitar a corte suprema a mandar prender tão logo condene, saciando a opinião pública, que exige sangue. Roberto Jefferson cavou sua sepultura e garantiu sua condenação ao lado de Marcos Valério, Delúbio, Pizzolato.