O mundo em que a gente vivia deixou de existir na medida em que fomos obrigados a ficar em casa para não corrermos o risco de sermos contaminados pelo coronavírus, que continua a consumir vidas ao longo do planeta. Um momento raro em que todas as nações têm de se curvar perante um micróbio invisível. Nem quem só se banhava em ouro está a salvo, na dependência de encontrar um respirador disponível para que lhe dê mais gás e não morra. Em paralelo, o planeta Terra se purifica com o ar livre da poluição dos automóveis e das fábricas, a água suja de rios e canais se tornando limpa, pássaros voltando aos locais de onde haviam desaparecido, e as estrelas mais visíveis. O vírus abençoado se dirige à raça humana para expurgar o egoísmo e fazer crescer uma onda de solidariedade, a dor como maestrina para reger nossas ações. Enquanto o espírito encarcerado na matéria pena para ver as coisas com os olhos da alma.
O coronavírus deixou para trás a autodestruição embutida na 2ª Guerra Mundial e na ameaça de um conflito nuclear para recebermos a chance maravilhosa de aprender na dor da solidão a importância da fraternidade e do coletivo. Sentir a falta do abraço amigo, substituído pelos contatos virtuais, distantes de acalentarem nossos corações. Angústia e sofrimento oriundos da impotência para resolver o que não se encontra em nossas mãos, panorama dos próximos meses. No Mundo Espiritual, tudo é acompanhado com muita atenção e amor infinito à mudança vibratória do planeta e de nossa regeneração. O que não será possível quando esta vibração for perene?
Que motivo, então, existe para ter medo? Se o momento é de esperança e de mudança! Mudança para uma Nova Era. Para espantar o medo da morte, valhamo-nos de Freud: “No fundo, ninguém acredita na própria morte, no inconsciente de cada um de nós estamos convencidos de nossa imortalidade”.
A centésima primeira intervenção espiritual, em 10 de abril de 2020, Sexta-feira Santa, em minha residência e em regime de confinamento face à pandemia do coronavírus, se realizou sob a égide da leitura e estudo preliminar da Parte Terceira (Das leis morais), Capítulo VIII (Da lei do progresso), constantes do livro de Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, em que me debrucei sobre o tópico “Povos degenerados” desdobrado em questões (nº 786 a 789) respondidas por Kardec, assistido por espíritos regeneradores. A escolha do aludido tópico se deveu à tentativa de conectá-los ao confinamento ou à pandemia (ambos se confundem), critério esse completamente diferente do estudo sobre o Evangelho, que obedece à classificação de Kardec. Agora é o tema que se pretende desenvolver e que conduz à pesquisa na doutrina kardecista. Assim sendo, resolvi substituir o livro base “O Evangelho segundo o Espiritismo”, pois que reservado para as intervenções espirituais na Fundação Marietta Gaio.
Que força tem a oração e o pensamento para se manter nessa vibração! Revelada por um espírita anônimo. Não podemos achar que estamos vivendo essa pandemia para depois tudo voltar ao normal. Os povos cuja grandeza unicamente se assenta na força e na extensão territorial nascem, crescem e morrem, posto que a força de um povo se exaure tal como a de um homem. Extinguem-se regidos por leis egoísticas e pelo culto à vida do corpo, que obstam o progresso das luzes espirituais e da caridade, já que a luz mata as trevas e a caridade mata o egoísmo. Os esforços despendidos para civilizar um povo têm o poder, não de melhorar almas imperfeitas, porém de fazer com que Deus crie almas menos toscas e mais humanas.