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CAPÍTULO CLXVI – MAUS OBREIROS

Maus obreiros são os que conclamam companheiros a desistir das obrigações que lhe são remetidas, ouvem as palavras alheias com religiosa atenção para deturpar os conceitos nelas transmitidos de modo a causar perturbações, chamam de bajuladores aos que se mostram compreensivos à excelência, alinham frases brilhantes e complacentes embebidas em óleo de perversidades ocultas, se fazem de vítimas para serem carrascos dos mais completos, disseminam suspeitas e calúnias entre os que se propõem a organizar a desorientação que prenuncia o caos, semeando a dúvida e a desconfiança se o êxito se aproxima a largos passos. Em suma, desviam a alma humana do verdadeiro sentido da vida.
A respeito, meu pai já advertia em mensagem espírita enviada em 11 de fevereiro de 1982 que a bênção do trabalho é a nossa fonte de surpresas e prodígios. Hoje é uma dificuldade por vencer, amanhã é um problema com que não contávamos e depois de amanhã já sabemos que outro obstáculo se nos fará medida clara da confiança em Deus. Se no plano material não formulamos uma ideia exata do quadro de ação que nos espera, aqui no Plano Espiritual o repouso é algo tão distante quanto o horizonte visto do ponto da Terra em que nos chumbamos, já que o serviço se nos descerra mais imperioso, quase mais contundente, um desafio que precisamos aceitar corajosamente.
Sem óbices no Plano Espiritual a superar por fora, não teríamos a oportunidade de ultrapassar-nos por dentro. Essa luta é uma bênção, um estímulo ao esforço máximo que nos compete despender para o conhecimento de nossas próprias possibilidades.
Em 13 de outubro de 1983, ele já nos chamava a atenção com outra mensagem espírita de que nunca devemos nos inclinar para a precipitação nem cair na sombra do desânimo. Na vida terrena não se tem consciência do valor desse ou daquele ato de humildade e caridade. Somente aqui se chega à conclusão quanto à utilidade do amor aos semelhantes.
A centésima sexagésima sexta intervenção espiritual, em 20 de maio de 2022, que passou a ser presencial na Fundação Marietta Gaio, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 74 (“Maus obreiros”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 27 (“Pedi e obtereis”), itens 20 a 21 (“Da prece pelos mortos e pelos espíritos sofredores”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Para o espírito se manifestar nas intervenções, é forçoso o recolhimento mais profundo, rezar e evocar (chamar) os espíritos que estão à sua volta e que já se encontram prontos para repassar o que está disponível pela força do pensamento. A nos lembrar que o homem sempre sofre a consequência de suas faltas. Não basta clamar por misericórdia. O simples arrependimento do mal não é suficiente, sendo preciso a reparação da falta e o retorno ao bem, aferido pela submissão a novas provas e se constatar se suas ações de livre vontade reverberam de fato uma correção do rumo tomado no transcurso de sua alma, ao contrário de muitos condenados na Terra, que ainda insistem em perdurarem tão maus quanto antes, ao serem libertos da prisão. E assim vêm para o Plano Espiritual, permanecendo com o mesmo espírito. Essa é a crônica e renitente imperfeição no mundo.

Antonio Carlos Gaio:
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