O espiritismo é uma lei da Natureza que existe desde as origens imemoriais, nas quais a transmigração das almas de um corpo para o outro adveio dos filósofos hindus e egípcios, tornando-se uma crença vulgar e admitida pelos homens mais eminentes. Por qual via o dogma da reencarnação chegou ao mundo? Pela revelação ou pela intuição? Não sabemos.
Uma existência já está de bom tamanho, para que recomeçar outra parecida? Positivamente, não convém! Eu já sofri demais, eu não quero mais, mesmo não tendo consciência das agruras por que passei na vida anterior. Mas se você acredita num futuro ou no destino, seja ele qual for, não poderá admitir que seja o mesmo para todos, caso contrário, onde estaria a utilidade do Bem? Por que ser tão pessimista e se restringir tanto? Só porque há outros que valem mais e que merecem um lugar melhor, sem que você esteja incluído dentre os reprovados? Sem dúvida que você desejaria trocar de posição. O que deve fazer?
Recomeçar no que não se saiu bem e se encarregar de fazer melhor na próxima existência. O que não se pôde fazer numa encarnação, procure fazê-lo na seguinte. É quando a alma pode revelar atitudes tão diversas e independentes com ideias adquiridas pela educação, por arte ou por ciência, enquanto outras almas permanecem medíocres durante toda a vida. E de onde vêm ideias inatas ou intuitivas, instintos precoces de virtudes ou de vícios, sentimentos de dignidade ou de baixeza em contraste com o meio de onde provêm? Abstraída a educação, por que uns são mais civilizados ou mais avançados do que outros? Mais ou menos distante do ponto de partida. Com a data de seu aniversário demarcando a vida do corpo, e as existências sucessivas delineando a vida da alma, a sua evolução espiritual. É assim que ninguém escapa da lei do progresso.
A centésima nonagésima sétima intervenção espiritual, em 25 de agosto de 2023, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 105 (“Paz do mundo e paz do Cristo”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 5 (“Bem-aventurados os aflitos”), itens 1, 2 e 3 (“Justiça das Aflições”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Por que uns sofrem mais do que outros? Por que uns padecem na miséria e outros desfrutam da riqueza, tendo nascido nessa condição? Por que ver os bons sofrerem ao lado dos maus que prosperam? Por que nada dá certo para uns, enquanto tudo parece sorrir para outros? Bens e males tão desigualmente divididos entre viciosos e virtuosos, parecendo desmentir a justiça de Deus, todo poderoso e de excelsa bondade, sem o que não seria Deus, ao agir por capricho ou com parcialidade.
No entanto, os ensinamentos morais seriam uma empulhação, um contrassenso, se as contrariedades da vida não estivessem apoiadas numa causa boa e justa e, se Deus, pelos ensinamentos de Jesus Cristo, não tivesse colocado os homens a caminho da compreensão dessa causa, considerando-os suficientemente amadurecidos para assimilar o que foi inteiramente revelado pelo Espiritismo, através da voz dos Espíritos.
Muito embora as compensações que Jesus promete aos aflitos na Terra somente poder-se-ão realizar na vida futura. Antes há que crescer, evoluir e sedimentar a paz no mundo, mantendo o silêncio de canhões e metralhadoras; pôr termo na preguiça improdutiva e incapaz dos abastados; castrar a satisfação dos caprichos de tiranos e arbitrários; sustar o aplauso da ignorância pelos vaidosos; conter a destruição dos adversários pelos vingativos implacáveis; impedir a vitória da crueldade por gente má e perversa; e dar um fim na exploração dos negociantes sagazes.