Jesus teve fome e se aproximou de uma figueira, mas nela só encontrando folhas, pois não era época de figos. “Que ninguém coma nenhum fruto de ti”, amaldiçoou-a, tornando-a seca até a raiz. Apenas porque não saciou sua fome?
A figueira que secou é o símbolo das pessoas que têm apenas a aparência do bem, mas que, na realidade, não produzem nada de bom e lhes falta solidez. Como os oradores que brilham, embora suas palavras possuam o verniz da superfície; agradam aos ouvidos, mas nos põem a nos indagar qual proveito tirar do discurso. Em suma, dos que têm a oportunidade de ser úteis e não conseguem ser.
O que lhes falta é a verdadeira fé, a fé produtiva, a fé que comove as fibras do coração, a decantada fé que remove montanhas. Eis porque Jesus condenou as árvores vestidas de folhas mas despossuídas de frutos à esterilidade, pois chegará o dia em que todas as doutrinas que não tiverem produzido nenhum bem à Humanidade serão reduzidas ao nada, e destinado a todos os homens que não utilizaram os recursos de que dispunham, o mesmo tratamento à figueira que secou.
Prosseguindo a intervenção espiritual, sem ainda ser presencial na Fundação Marietta Gaio e realizada na residência de cada médium e de quem se encontra sob tratamento, segundo o calendário da Fundação, com todos obedecendo ao regime de confinamento em face da pandemia do coronavírus, a centésima décima quinta intervenção espiritual, em 31 de julho de 2020, efetivou-se sob a égide da leitura de “Vinha de Luz”, 29 (“Guardemos o coração”) e estudo preliminar sobre os itens 8 a 10 (“Parábola da figueira que secou”) do capítulo 19 (“A fé transforma montanhas”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Os médiuns são intérpretes dos Espíritos, suprindo-lhes os organismos materiais que lhes faltam para nos transmitir suas instruções. Toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos espíritos é por isso mesmo médium. A mediunidade pode ser diferente em cada pessoa, porém é preciso que ela seja aperfeiçoada de forma correta, com equilíbrio, racionalmente, com persistência e de modo contínuo. São como árvores que devem dar o alimento espiritual aos seus irmãos. Multiplicar-se para que sejam encontrados em todos os rincões do mundo, em todos os países e classes sociais, junto aos ricos e aos pobres, aos grandes e pequenos, para provar ao homem que todos irão ser chamados a dar sua contribuição, mais cedo ou mais tarde.
No entanto, se desviar o dom precioso da mediunidade que lhes foi concedido para render-se às coisas fúteis ou prejudiciais, a serviço dos interesses materiais, negando-se a torná-la benéfica para os necessitados ou a não tirar proveito para sua própria melhoria, à imagem e semelhança da figueira estéril serão equiparados. Por não terem sabido frutificar a semente e tornado inútil o dom posto em suas mãos, acabarão por ceder à área de influência de maus Espíritos. Por pura incúria ou soberba.
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