O coronavírus é traiçoeiro e perigoso porque ataca sorrateiramente justamente a quem o minimiza ou compara seus efeitos a uma mera sinusite ou rinite, desprezando a dor de cabeça que a acompanhava por dois dias, até consultar a equipe médica do banco do qual era gerente, colocada à disposição dos funcionários, e se dar conta de que era a Covid-19, depois de infectar colegas de trabalho e clientes. A agência bancária foi fechada por quatorze dias para garantir a quarentena de seu pessoal e a sua higienização. Quanto aos que foram ao caixa e negociaram empréstimos com os gerentes, não se sabe de seu destino, porquanto rastreamento só em países que levam a sério a doença.
É isso que a pandemia exterioriza, a falta de cuidado com os nossos assemelhados, que deviam ser considerados nossos irmãos, e em não con-ta-mi-ná-los. Ao não abraçar a causa da sanidade, o conjunto de condições que conduzem ao bem-estar e à saúde. Ao não pensar no interesse do seu próprio meio, da comunidade, da urbe, da sociedade, do seu país, do planeta, à medida que não consegue ampliar o seu grau de consciência e de visão. O egoísmo de viver voltado só para si ajuda a encobrir o medo de morrer nas garras do vírus. As estatísticas de mortes e infectados aterrorizam e fazem negar a realidade. Não dá para viver um minuto que seja senão fugindo para a realidade anterior. Como se, finda a pandemia, pudéssemos voltar atrás. O ser humano sempre procurando seguir as mesmas pegadas que o trouxeram até aqui, como elemento de referência. São muitos que repetem ad eternum o caminho dos tropeiros, mas felizmente não são todos.
Dando continuidade à investigação espiritual sobre a pandemia do coronavírus inclusa nesta mesma série, a centésima vigésima segunda intervenção espiritual, em 18 de setembro de 2020, em minha residência e em regime de confinamento, se realizou sob a égide da leitura e estudo preliminar da Parte Terceira (Das leis morais), Capítulo X (Da lei de liberdade), constantes do livro de Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, em que me debrucei sobre o tópico “Fatalidade” desdobrado nas questões 853, letra “a”, 854, 855, 857 e 858 respondidas por Kardec, assistido por espíritos regeneradores. A escolha do aludido tópico se deveu à tentativa de conectá-lo ao confinamento ou à pandemia (ambos se confundem).
Qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não perecerás. Porém, se soa a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, quando escolheu tal ou qual existência. Todavia precauções podem lhe ser sugeridas para evitar que ela se dê, fortalecendo a coragem nos momentos em que mais dela necessita. Mormente a fraqueza e a fragilidade de nossa existência, há que examinar a causa e a natureza do perigo, se provinda da negligência no cumprimento de um dever.
Quem teme a morte é o homem, não o Espírito. Aquele que a pressente pensa mais como Espírito do que como ser humano. Compreende ser ela a sua libertação e espera-a. Não se deixa arrastar pelo medo, acorrentado ao seu destino materialista.