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CAPÍTULO XLVIII – EM QUE TEMPO ME TOCOU VIVER?

Não cabe reclamar de se sentir injustiçada pelo que a vida lhe reservou, não sendo contemplada como outros o foram. Magoada por dores cruciantes que julgava não merecer, salvo se foi por arrogância quando, ao acumular maior conhecimento que redimiu sua existência e origens, esqueceu-se da humildade com seu notório saber. Só mais idosa descobriu-se apegada à vida, quando correu risco de desencarnar, aí se lembrando das crenças e da fé no tempo que lhe tocou viver. A vida de que dispomos se reveste de tanta grandeza e complexidade que só a profunda ignorância não reconhece o toque divino e a inteligência superior em seus fundamentos. A inteligência só nos é disponibilizada para desenvolver determinados fatores de expressão, segundo os ditames que os princípios de aperfeiçoamento ou de evolução indiquem; o resto é pura alma, sentimento, humanidade, e aprender a conviver com nossos irmãos. Sempre que nos vejamos inclinados a nos envaidecer demasiadamente por conta de nossa inteligência, lembrar que estamos subordinados à lei da renovação que preside nossos destinos, só assimilada se houver humildade e se desapropriado da existência consumida em caráter particularista.
A quadragésima oitava intervenção espiritual, em 10 de novembro de 2017, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre os itens 1 e 2 e 3 (“Pagar o mal com o bem”) do capítulo 12 (“Amai os vossos inimigos”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Se Deus faz chover sobre os justos e os injustos e acolhe os ingratos e até mesmo os maus, que recompensa tereis se amardes apenas quem vos ama? Se somente fizer o bem aos que vos fazem? Ora, se as pessoas de má trajetória também amam aqueles que as amam! Portanto, fazei o bem e emprestai sem nada esperar. Amar aos inimigos, no entanto, não é ter para com eles uma afeição forçada, já que não podemos sentir pelo inimigo a ternura ou alegria dedicada a um irmão ou amigo, nutrir o mesmo grau de simpatia entre os que têm a mesma maneira de pensar ou nele confiar sabendo-o capaz de abusar da amizade por nos querer mal. Amar aos inimigos, de fato, é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança, e perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem impor condições, não colocando nenhum obstáculo à reconciliação e desejando-lhes o bem no lugar do mal, sem a menor intenção de os humilhar. É não fazer nada que possa prejudicá-los em palavras ou atos, socorrendo-os até em caso de necessidade – uma das maiores vitórias alcançadas sobre o egoísmo e o orgulho.
E se a inteligência se converter no seu pior inimigo?

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Antonio Carlos Gaio
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