A Fundação Marietta Gaio presta assistência à população de rua oferecendo sopa ou lanches reforçados, através de voluntários numa Kombi rodando as ruas escuras de Bonsucesso. Normalmente, os necessitados se organizam em fila, enfiam uma camisa no peito nu, quando não procuram se mostrar asseados e com boas maneiras, o contrário de como são tratados em meio à selvageria urbana. No entanto, o momento exige respeito já que estamos sujeitos a três refeições, no mínimo. E miséria maior é não ter dinheiro no bolso para comer e sequer saber em qual hora do dia ou da noite fará sua próxima refeição. Esgueirando-se pelos cantos para ver se arruma restos de comida ou o que sobrou de repastos de seres que nunca passaram por essa desgraça: a carência absoluta de meios de subsistência.
Eis que servido o último kit, apareceu tardiamente uma mulher com seus filhos. O último da fila imediatamente lhe cedeu sua cota, seguido por outro, que ofereceu parte de sua porção ao primeiro benfeitor, se desculpando por não ceder tudo em virtude de não se alimentar há dois dias.
A sexagésima quarta intervenção espiritual, em 14 de setembro de 2018, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre o item 14 (“A beneficência”) do capítulo 13 (“Que vossa mão esquerda não saiba o que faz vossa mão direita”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Há muitas maneiras de se fazer a caridade, que muitos de vós julgais ser somente a esmola, mas entre esmola e caridade existe uma grande diferença. A esmola dá alívio aos pobres, mas é quase sempre humilhante tanto para quem dá quanto para quem recebe. A caridade, ao contrário, une o benfeitor ao ajudado, no exercício de diversos papéis, como caridoso para com a própria família e amigos, sendo indulgente, perdoando fraquezas e tomando cuidado para não ferir o amor-próprio de ninguém. E, para os espíritas em especial, na maneira de agir para com aqueles que não pensam como vós, principalmente os que não creem, jamais os ofendendo ou pretendendo alterar sua maneira de pensar, e sim procurando encontrar uma brecha no seu coração para nele chegar.
Muito difícil um mundo onde não há pão suficiente para repartir, disseminando a miséria, a despeito de voluntários, verdadeiros operários dos pobres, se aproximarem para diminuir a fome, quando já se ouve que Deus não é justo e, no coração dos infelizes, o amor aparecer bem perto do ódio. O trabalho voluntário nos harmoniza e nos aproxima do que é realizado no Plano Espiritual e adianta o serviço, pago, à vista, em bênçãos, a única moeda que tem valor no mundo dos espíritos.
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