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CAPÍTULO LXVII – PIEDADE, SENHOR, PIEDADE

Chegar no Plano Espiritual com a sensação de que se arrependeu do que não logrou fazer ou não fez, e agora ser tarde para corrigir. Não dá para voltar atrás. Chegar no Plano Espiritual com a sensação de estar liberto da armadura corpórea e se sentir livre e tudo ser uma festa, quando não é, por agora vir a ganhar consciência dos problemas que não admitia ou sequer identificava na Terra, e isso ser tão avassalador por não mais poder fingir que, tudo que negava, era verdade. Por não poder mais mentir. Ser falso. Hipócrita. Embrulhar os outros.
Muitos desses transitam diretamente do CTI de um hospital para o limbo do Plano Espiritual. Como antevisão das agruras que irão enfrentar no limbo, além de seu estado clínico não estar nada bem, você ainda tem ao seu lado, no CTI, companheiros em pior situação. Lamentando em voz chorosa e desarticulada proveniente da dor física e moral. É o que irão encontrar no limbo, agravado por não conhecer ninguém no seu entorno gélido, onde predominam prantos, pedidos de socorro e arrependimento. Não é propriamente um inferno, mas um choque de realidade para o despertar do espírito dos que enganavam, achando que não iriam ser descobertos.
Vamos pedir piedade, Senhor, piedade, para os que perderam a viagem e que agora vagam como derrotados, porque almejaram sempre tudo aquilo que não cabia em sua alma bem pequena e por isso abortados antes do tempo, por não distinguirem luz, cegados por suas mini certezas, a viver contando dinheiro e nem mesmo estancar seu rumo e mudar, quando a lua cheia irrompe e torna o breu em dia.
A sexagésima sétima intervenção espiritual, em 9 de novembro de 2018, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre o item 17 (“A piedade”) do capítulo 13 (“Que vossa mão esquerda não saiba o que faz vossa mão direita”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
A piedade é a virtude que mais o aproxima de Deus diante das misérias e dos sofrimentos de vossos semelhantes. Quando consegues lhes dar esperança e resignação, que alegria experimentais! É bem verdade que contém um certo pesar por brotar da infelicidade.
Uma piedade bem sentida é amor, amor é devotamento, e devotamento é esquecimento de si mesmo. É o sentimento mais apropriado para vos fazer progredir, dominando o vosso egoísmo e vosso orgulho, e preparando vossa alma para a humildade, a beneficência e para o amor ao vosso próximo. Não oculteis, portanto, essa emoção celestial, não façais como os egoístas endurecidos que se afastam dos aflitos, já que a visão da miséria pode perturbar sua suposta feliz existência. Temei ficar indiferente.
Essa renúncia em favor dos desafortunados, se fosse praticada em sua pureza primitiva por todos os povos, garantiria a felicidade à Terra, fazendo, finalmente, reinar a concórdia, a paz e o amor. Não seria sonhar tão alto, se todas as vezes que consegues devolver a coragem e a boa-fé a um irmão que pranteia solidão e que não encontra eco em sua família, ele retribuir com um olhar em lágrimas de agradecimento, antes de elevar-se ao Céu.
Piedade, a celeste precursora da caridade, a primeira das virtudes, da qual é irmã.

Antonio Carlos Gaio:
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