Meu avô Manoel Gaio manda mais uma mensagem espírita (uma por ano) em que revela estar acompanhando as dores que vêm assolando nosso planeta, lembrando o calvário de Jesus, acompanhado do sofrimento das mães no mundo, chorando pela reincidência de provas e expiações.
Diz ele, lembramo-nos com clareza dos tempos calmos de outrora, quando conseguimos, numa sala de bênçãos, iniciar socorro com algumas moedas, alimentos e palavra amiga para as senhoras que nos buscavam. Após minha transferência para o Mundo Maior, meu filho (meu pai Jorge Gaio) seguiu meus passos e aumentou o socorro pelo proeminente crescimento da necessidade, em outro endereço. Já não conseguimos distinguir o ponto inicial pois o universo da Casa é imensurável.
Nascer é esperado; morrer, não, ao contrário, pretende-se retardar essa realidade irreversível ou procurar despachá-la para bem longe. Na idade em que vislumbramos o futuro, o jovem de 18 anos ainda parece ter uma dimensão infinita. Mas há jovens que fazem tanto em tão pouco tempo, que acabam construindo como gente grande um legado de ações e inspiração. São de outra medida, gigantes demais para a pequenez que se encontra amiúde na vida, e se vão cedo. A idade espiritual não se mede em anos, a plenitude não é medida em presença.
A septuagésima sexta intervenção espiritual, em 29 de março de 2019, foi realizada em minha residência por ter sido detectada interferência espiritual, pela segunda vez. O que não me impossibilita de fazê-la em meu quarto e no escuro, sob a égide da leitura e estudo preliminar do item 3 (“O que é preciso para ser salvo. Parábola do bom samaritano”) do capítulo 15 (“Fora da caridade não há salvação”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Toda moral de Jesus pode ser resumida à caridade e humildade no contrário sentido do egoísmo e orgulho, respectivamente. Bem-aventurados os que têm coração puro, são misericordiosos e pacíficos, e que não descreem de seu próximo, assim se dirigindo a homens ainda incapazes de compreender as questões puramente espirituais, não devendo, portanto, se afastar do contexto das ideias de seu tempo para ser melhor assimilado, reservando para o futuro pontos sobre os quais não cabia explicar-se claramente.
Tudo que implicar em julgamento de nossa atuação na vida terrena sempre se reportará a como socorrestes vossos irmãos – a prática da caridade, a condição maior a ser observada – ou se fostes duros com eles. Jesus, então, indaga quanto à ortodoxia da fé, se faz diferença entre aquele que crê de uma maneira e o que crê de outra. Se, à Sua época, um samaritano, considerado herege segundo a tradição hebraica, ajudou um necessitado banhado em sangue e largado no meio da estrada, tornando-se uma eterna referência de atitude misericordiosa e de amor ao próximo. Jesus assim o elevou acima do ortodoxo que, ao professar os padrões e os dogmas estabelecidos em sua doutrina, costuma mostrar-se inflexível e intransigente em suas decisões, resistindo a todas as tentativas de persuasão, quando não se arvora em dono da situação, acima do bem e do mal. Apenas pelo fato de não tolerar o novo e o diferente, contumaz causador de polêmicas.