Oração feita pelo alemão Hans Staden a Deus Nosso Senhor, quando submetido a um cativeiro durante 9 meses, na costa entre Rio de Janeiro e São Paulo, por volta de 1554, à mercê dos índios tupinambás, que comiam carne humana e planejavam devorá-lo dentro do ritual antropofágico que caracterizava sua cultura:
“Ó, Todo-Poderoso, salva-me das mãos desses homens que não te conhecem. Contudo, meu Senhor, se for tua vontade que eu sofra uma morte tão absurda, fortalece-me na minha última hora, para que eu não duvide da tua misericórdia. Se devo sofrer tanto nesta vida desgraçada, então dá-me em seguida a paz e protege-me da desgraça no outro mundo, diante da qual todos os nossos antepassados temeram tanto. Todavia, meu Senhor, certamente podes me libertar da violência dos selvagens. Não quero contar com nenhum acaso, mas somente com tua mão poderosa. Pois aqui nenhum poder humano é capaz de me ajudar. Quando me tiveres livrado dessa servidão, quero te louvar, trazendo-o ao conhecimento de todos os povos em meio aos quais eu venha a me encontrar. Amém.”
À salvação rogada a Deus, Hans Staden prometeu trazer ao conhecimento de todos os povos a sua desdita e sofrimento sob a guarda e a serviço de canibais, logo que conquistasse sua liberdade. Deus lhe retribuiu com muito mais. De volta à Europa, viria a compreender sua missão de agregar maior sapiência ao mundo que lhe foi reservado, bem como o sacrifício que lhe foi imposto. Quando redigiu um relato sobre suas viagens e aventuras no Novo Mundo, uma das primeiras narrativas para o grande público acerca dos costumes dos indígenas da terra do pau-brasil, e que se tornou um grande sucesso na época, e até hoje bibliografia obrigatória, seja em nível escolar ou como matéria de estudo para ciências humanas. Sobre seres ainda desconhecidos no planeta, cuja cultura antropófaga e primitiva acabou sendo banida, mas, por outro lado, outros valores da cultura indígena afloraram, como cuidar bem da Natureza e com ela aprender. Buscar um melhor equilíbrio entre o homem e o seu meio natural. A defesa da preservação do meio ambiente e o índio, o nativo, o autóctone como seu símbolo maior.
A octogésima intervenção espiritual, em 21 de junho de 2019, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre os itens 4 e 5 (“Jesus na casa de Zaqueu” e “Parábola do mau rico”) do capítulo 16 (“Não se pode servir a Deus e a Mamon”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Àquele que guarda tesouros para si mesmo, mas não é rico perante Deus. Lembrai-vos que recebestes vossos bens em vida, preferistes vestir de púrpura e linho, sempre cuidando magnificamente de sua aparência todos os dias. Desceis depressa desse malfadado pedestal, pois há os que desejaram se saciar das migalhas que caíam da mesa dos ricos, mas ninguém sequer lhes dirigia a palavra. Somente os cães vinham lamber suas chagas. Quando morremos, o que sofreu maior tormento, moral e material, é acolhido no seio de Deus e consolado, sendo suas dores aliviadas. Enquanto quem desfrutou à larga e costumava, às ruas, desviar o olhar da miséria, implora por uma ponta de dedo n’água para refrescar sua língua.
Firmando um abismo entre nós e eles, já vivido na Terra, embora seja possível, aqui, abandonar o lado deles e ficar entre nós, mas já fica mais difícil lá fazer essa opção. Podendo se correlacionar a vedação àqueles que desejam migrar daqui para onde estais, bem como não se pode sair daí e vir para cá. Somente encarnado ou desencarnado. Se assumindo as responsabilidades inerentes à sua evolução espiritual segundo seu livre-arbítrio, lá e cá estarão em estreita sintonia.
Faça como Hans Staden. Não desista nunca de sua missão.
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