Se, a cada existência, tudo o que ocorreu em vidas passadas fosse relembrado, a repulsa por seus atos pretéritos poderia lançá-lo de novo nos braços do vício. Ou voltar a ser um filho que lhe deu motivos de queixa, lhe arruinou ou mesmo lhe desonrou. Não iria se encontrar na mais embaraçosa de todas as situações, se lembrasse das inimizades, confrontos, de perseguições e dos desafetos? Do quanto prejudicou pessoas queridas. Em vez de memórias desse calibre se extinguirem no plano terreno, os ódios se eternizariam, segundo Allan Kardec no livro “O que é o Espiritismo”.
Não se recordando, andaria de cabeça erguida em vez de curvá-la sob o peso de uma vergonha que não consegue esquecer. Livre da reminiscência de um passado inoportuno, agirá com mais liberdade no desenrolar de mais uma era de livre-arbítrio, um novo ponto de partida. Vossas dívidas anteriores já foram pagas, cabendo-vos apenas o cuidado de não contrair outras. Baseado no mesmo princípio de quantos seres humanos não gostariam de lançar um véu sobre os seus anos de existência, ao término de uma encarnação, dizendo: “Se eu tivesse de recomeçar, não agiria da mesma maneira!”.
É bom salientar que o esquecimento só se faz presente durante a vida corpórea. Ao deixá-la, o Espírito recobra a lembrança de seu passado. E, assim, poderá melhor julgar o caminho por que optou seguir e do que lhe resta ainda por fazer. Esse esquecimento é providencial, pois muitas vezes só se adquire crescimento e experiência por meio de provas rudes e terríveis expiações, cuja recordação seria muito penosa e só viria aumentar as angústias e tribulações da vida presente.
A nonagésima nona intervenção espiritual, em 13 de março de 2020, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre o item 11 (“Cuidar do corpo e do espírito”) do capítulo 17 (“Sede perfeitos”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
A alma, considerada prisão da carne, necessita que o corpo esteja são, disposto e pleno de energia para que ela pulse, vibre e até mesmo possa cair nas ilusões da liberdade. Então, o que se deve fazer para manter o equilíbrio entre suas aptidões e suas necessidades tão diferentes? Se alguns amam com frieza e não sabem se divertir. Menos mal que o Espiritismo vem em socorro, comprovando que ambos são interdependentes. Um é necessário ao outro.
É preciso cuidar do corpo para dotá-lo de mais espiritualidade, que se encontra nas reformas a que submeterdes o vosso Espírito. Enraizado, pronto para emergir em cada encarnação, quando compreende as razões de sua aparente invisibilidade que passam a torná-lo mais claro, desde que você deseje adquirir conhecimento pelo estudo, guiado por sua intuição, sensibilidade e vivência.
Conscientizai-vos do Espírito e não castigueis vosso corpo pelas faltas que o vosso livre-arbítrio o induziu a cometer!