Sonhei com uma amiga que não via há cerca de 10 anos, no mínimo. Embora morando próximo, não tínhamos o menor contato. Desconfiado do desencarne, fui me informar no prédio onde residia e descobri que havia falecido. O sonho havia sido um aviso para me inteirar que não mais estava entre nós. Nele, ela se apresentava completamente liberta de seus fantasmas, que a impediram de viver uma outra vida que, certamente, teria sido melhor que a que experimentou, fazendo-a se sentir como uma encarcerada em sua própria existência, onde tudo nela era bloqueado. Ela, agora em espírito, mostrava-se apta para desfrutar o que nunca havia se permitido ao obstruir o acesso à sua verdadeira alma. Quando tudo podia ter sido diferente, perdendo uma oportunidade rara de ser aquilo que não se deu o direito de ser.
A trigésima sétima intervenção espiritual, em 12 de maio de 2017, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre o item 16 (“A Indulgência”) do capítulo 10 (“Bem-aventurados os que são misericordiosos”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Não fui indulgente com os bloqueios de minha falecida amiga como deveria, recriminando seus passos tímidos e temor exacerbado diante do que o entorno lhe oferecia, mesmo porque ela escondia sua insatisfação procurando ser agradável com todos, atenuando os defeitos de outrem, nunca fazendo observações ofensivas nem censurando, apenas aconselhando de forma velada. Quando vos lançai à crítica, não teríeis feito o que reprovais e, portanto, valeis menos que o culpado? Quando então julgareis os vossos próprios atos e pensamentos, sem vos ocupardes do que fazem vossos irmãos? Sede, pois, severos para convosco e indulgentes para com os outros. A severidade discrimina, irrita e distancia tanto que somente o bom Deus, conhecedor da causa de todos os atos e dos pensamentos secretos de cada coração, podia fazer meu delongado arrependimento chegar até ela por vias tortas, provando que a indulgência apazigua, encanta e reergue nossa alma.
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