O adágio de Schopenhauer: Toda grande verdade passa primeiro por ser ridicularizada, depois violentamente combatida, antes de ser aceita como uma evidência.
Meu adágio: Toda grande verdade que choca passa primeiro por ser oculta, depois violentamente estigmatizada e dessensibilizada das forças vitais que impregnam todos os corpos materiais para essa verdade não continuar penosa, e, por fim, com o tempo, aceita como evidência atroz e dolorosa.
Depois de 50 anos mantido sob reserva por força do estigma que pesava sobre minha família, contra a minha vontade, até mesmo porque dissequei o problema em 20 anos de psicanálise, eis que foi tornada pública a desdita de meu irmão suicida com o lançamento do livro escrito a quatro mãos com Lenita Bentes, “Suicídio: um ato e muitas versões”. Sem mais encontrar oposição pelo fato de o núcleo familiar não mais existir e se extinguir em mim.
A vigésima terceira intervenção espiritual, em 24 de junho de 2016, se iniciou com cânticos para abrir caminho para os espíritos curadores e a leitura do item 13 (“Missão do homem inteligente na Terra”) do capítulo 7 (“Bem-aventurados os pobres de espírito”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Não vos orgulheis do que sabeis, pois esse saber tem limites bem estreitos no mundo que habitais. Mesmo supondo que seja um Einstein ou um Jung, de uma intelectualidade ou conhecimento sem par, não tendes nenhum direito de se envaidecer por isso. A maior cultura de todos os tempos não abarca o Universo, é um pingo no oceano. Se Deus nos fez nascer num meio pouco evoluído onde possamos desenvolver nossa inteligência ou habilidade é porque há uma missão implícita e colocada em nossas mãos para desenvolver o nosso mundo, cada um de per si, com o fito de diminuir o atraso que nos afasta de aceitar o Plano Espiritual e enxergá-lo à nossa frente, se interagisse com a transcendência, e bem mais à frente, um mundo muito melhor. Se a inteligência de homens talentosos fosse bem empregada para fazer a Humanidade avançar, ao invés de transformá-la num instrumento de vaidade, de orgulho e de perdição para eles próprios, a tarefa dos Espíritos seria extremamente facilitada. Mas não, preferem abusar de sua inteligência como de todas as suas outras capacidades, quando não lhe faltam fatos concretos se sucedendo incansavelmente para adverti-los de que uma poderosa mão pode lhes retirar tudo aquilo que lhes foi dado.
24 de junho de 2016, última sexta-feira do mês, habitualmente dedicada aos suicidas, dentre eles, o meu irmão Luiz Jorge, neto de meu avô, que justamente se notabilizou por ter criado a Fundação Marietta Gaio, entidade espírita cujo objetivo maior é levantar o ânimo dos vencidos na luta pela vida, a fim de impedir que sobrevenha a ideia maligna do suicídio em sequência a dificuldades e frustrações vitais que não conseguimos superar.
Quisera eu poder estar em contato com meu irmão para ouvi-lo e me solidarizar com as agruras e desorganização mental a que sua alma se entregou e que o levou a esse infeliz ato, se é que não o tornaram a reencarnar sem atingir a espiritualidade com o intuito de viver o tempo que ainda lhe restava (tinha 24 anos) para conclusão do compromisso da existência que prematuramente cortou.
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