Parece morbidez. Elza morreu em companhia de sua irmã no voo que estava voltando para o Brasil, vindo de passeio ao Egito e Jordânia, indo até Tel Aviv pegar o voo para Roma e daí outro até São Paulo. Ao final do jantar no avião, a irmã de Elza sentiu mal-estar e Elza a acompanhou até o banheiro. Retornaram aos seus assentos para a irmã se deixar adormecer, ela não sabe por quanto tempo e quando Elza teria ido ao banheiro, para não mais voltar. Um passageiro reclamou de o banheiro não ser liberado. Bateram na porta, mas não se ouviu resposta, obrigando a arrombá-la. Encontraram-na em pé com a cabeça encostada no espelho – parecia desacordada. Tiraram-na do banheiro e a deitaram no chão do corredor. Um médico a bordo usou um desfibrilador para tentar reanimá-la. Não adiantou e atestou o óbito com embolia pulmonar. Desocuparam as últimas poltronas, deitaram Elza e a cobriram com um lençol. Ela estava com uma boa aparência no velório, vestida com um traje coberto de joias que havia comprado para viajar ao Irã na próxima viagem. Não tinha medo de ingressar em países em conflito com o Estado Islâmico, era onde queria estar e ser feliz. Sem ela saber ou mesmo sabendo, e não revelando seu segredo, partiu para sua verdadeira batalha nos confins do Plano Espiritual. Sua presença era reclamada como soldada da paz diante da belicosidade do planeta Terra.
A trigésima quinta intervenção espiritual, em 31 de março de 2017, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre o item 14 (“O perdão das ofensas”) do capítulo 10 (“Bem-aventurados os que são misericordiosos”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
De nada valerá o que está escrito se não for seguido o ensinamento que provém do espírito. Qual seja o que Jesus disse a Pedro: “Tu perdoarás, mas sem limites. Perdoarás ainda que a ofensa te seja feita muitas vezes”. Jesus sabia do que estava falando por conhecer muito bem nossa alma. Se para nós perdoar uma vez já é difícil, fácil de constatar quando apenas uma palavra cai mal e sua fisionomia se transforma instantaneamente, à frente de todos, sem que consiga dissimular. Nem lhe passando pela cabeça se desculpar pelo rancor demonstrado ou pelos maus pensamentos veiculados. Só se notar que feriu a suscetibilidade de outrem e se sentir culpado pelo mau gesto e, ainda assim, reagindo com retardo. Farás, enfim, o que desejas que Deus faça por ti. Não tem Ele te perdoado sempre? Acaso contas as inúmeras vezes em que incorres em erros? E o Seu perdão vem apagar as tuas faltas? Se os teus atos te prejudicarão inevitavelmente devido às imperfeições que caracterizam o ser humano, o perdão tem que ser proporcional à gravidade do mal cometido. Por que não perdoar sinceramente as pequenas ofensas que te façam? O perdão das injúrias não deve ser uma palavra vazia e inútil. Sois responsáveis pelo que pensais. Feliz daquele que pode a cada noite deitar-se sem qualquer sentimento de rancor dirigido a seus próximos.
Com esse espírito, Elza partiu para levar paz aos que carregam ódio na alma, desencarnados nos atuais campos de batalha na Terra, onde seria mais útil na assistência, despindo-os das agressões e atentados cometidos contra seus inimigos, alimento dos quais se nutriam. Iniciando um processo de distanciamento do que foram, um verdadeiro centro de cura equivalente ao que os suicidas recebem.