Passados 60 anos da rendição às Forças Aliadas, o Japão reluta em admitir oficialmente o uso da escravidão sexual na Segunda Guerra Mundial e a negociar qualquer forma de compensação financeira. As que sobreviveram tiveram que se esconder da sociedade como párias, reclusas e solitárias, vítimas do preconceito e da vergonha de suas próprias famílias. Muitas fugiram de casa para tentar reconstruir a vida, outras enlouqueceram. Mesmo idosas, ainda têm pesadelos todas as noites com as violências sexuais.
Mais de 200 mil mulheres da China, Coréia e Filipinas foram obrigadas pelo Exército Imperial japonês a trabalhar nas chamadas “casas de conforto”, criadas exclusivamente para os militares nos países invadidos. Recrutadas na base da baioneta, a escravidão virou uma sombra que as perseguiu pelo resto da vida. Poucas conseguiram se casar, quando muito com parentes que mais se apiedavam de sua situação que propriamente as amavam.
Em matéria de gueixa, o japonês entende. Não havia uniformes, mas as regras das casas de conforto incluíam horário de funcionamento, duração de cada visita, uso de preservativos – que eram lavados para uso posterior -, exame de doenças venéreas e, naturalmente, preços.
O bordel como paradigma da guerra. A humilhação infligida ao perdedor quando degradaram a célula mater da família, tornando os futuros filhos malditos. Transformar a mulher numa puta contra a vontade é uma tortura com grau de requinte equivalente a jogar uma bomba atômica no seio da sociedade oriental.
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