Do tempo em que os cabeludos começaram a enfrentar quem tinha cabelo curto e olhava torto para as tormentas políticas, querendo calá-los e não mais podendo, tamanho o furor uterino do seu conteúdo crítico. Só a bala, disparada de fuzis que simbolizavam ditadura ou o uso da opressão.
O famoso ano de 1968 reivindicava o que fosse contra, o que fugisse do establishment. Como um produto inconsciente de um tempo inconformado que herdou o esclarecimento político acumulado de gerações anteriores. Reagindo contra o governo e as convenções. Com a generosidade de ouvir todas as diferenças de pensamento contra a tradição, que sufocava a dissidência. Mas nada nesse caldeirão cultural era forçado.
Como também o foi nos anos trinta, caracterizados pelo empregado querer se libertar do jugo do patrão e sempre com movimentos artísticos que bem fazem a leitura da época. Também bruscamente interrompidos – pela 2ª Guerra Mundial. Nos anos dez, o desejo de dar um fim às monarquias e à aristocracia em companhia da Belle Époque, reinando desde 1871, trazendo à tona a 1ª Guerra Mundial para truncar a quebra de paradigmas.
Hoje temos menos gênios, o conhecimento se alastrou, a ideia é vazar, não sendo exclusividade de ninguém. Para todos ganharem por terem mais acesso com o princípio do compartilhamento e impedindo que senhores da blogosfera se arvorem em fincar tabuletas de propriedade privada em terra de ninguém. Não conseguimos, todavia, extinguir as guerras nem ainda mergulhar nos intestinos dos falsos defensores da liberdade de expressão, irmãos siameses dos paladinos da moral, onde lá conspiram para cercear quem pensa em contrário e planejar como detonar os rebeldes com causa do século XXI.
A exemplo do que já fizeram com os hippies, incorporando-os ao sistema, e com os anarquistas, exterminados pelo nazismo, pelo comunismo e até pela democracia. Quem pensa fora dos eixos, em qualquer época, causa estranheza até ser assimilado. É considerado perigoso por levar outros a pensar no que antes nunca tinham sequer imaginado e atrair novos olhares, enquanto os donos do poder pairam abaixo dessa onda que vai se formando, mas identificam perfeitamente o perigo que representa. Justificando usar da mesma metodologia fascista com nova roupagem, para jogar uma pá de cal nos propósitos desses subversivos, agindo como laranjas mecânicas de quem não quer abrir mão de seu território, seus privilégios, suas garantias e de aumentar seu lucro.
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