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CHACINA

Estava fadado a acontecer que um dia um marginal em fuga iria atirar contra transeuntes para sustar a ação da polícia. Evoluíram para fechar o comércio quando o tráfico é prejudicado para mostrar quem manda na favela. A polícia militar se incorpora à roda-viva e chacina os meninos de rua na Candelária e 21 integrantes da comunidade de Vigário Geral. Agora os covardes escolheram o alvo mais fácil para desafiar o poder do Estado: 30 cidadãos indefesos, sem distinguir mulheres e crianças, em ruas carentes de proteção em Nova Iguaçu e Queimados. Não atiraram a esmo, o requinte de duas balas certeiras para cada um. Quem consegue distinguir os covardes?
O poder público, seja municipal, estadual ou federal, não oferece condições mínimas de segurança para a população, já que, para reduzir a criminalidade, Severino tem de parar de querer ser o rei-sol à cabeça do Legislativo, César Maia não fazer campanha para as eleições presidenciais às custas da saúde do carioca e o Lula não dizer tudo que pensa. O Rio de Garotinho está absolutamente desmoralizado pelos criminosos, pois não consegue controlar sua própria tropa, que degola e ainda joga a cabeça no quartel.
Uma afronta à sociedade civil e à renovação do poder em eleições democráticas, o Rio de Janeiro pôr à mesa dois candidatos, nessas condições. Quando se pretende incluir no plebiscito desse ano, para desarmar a população, a desfusão e reversão da antiga capital à condição de cidade-estado. Transformando-a num burgo com um cinturão protetor que restaurará sua condição de Cidade Maravilhosa. Haja fantasia!
A identidade do Brasil, onde qualquer estrangeiro, passado algum tempo, já é tratado como brasileiro, se encontra seriamente abalada. Conseguimos a façanha de apagar os vestígios de nossas origens, ao misturarmos cores, sabores e sangues, criando uma sociedade multicultural e desarrumando idéias pré-concebidas. Para agora esses bandidos pretenderem assassinar a nossa identidade em nome de seus interesses tacanhos, executando uma equivocada partilha inspirada no mau exemplo com que os verdadeiros donos do poder nos brindam diariamente.
Apostam no triunfo do esquecimento.

Antonio Carlos Gaio:
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