O autor do filme e das trapalhadas que só permitiram exibir “Chatô, o rei do Brasil” 20 anos depois foi Guilherme Fontes. Ele é livre para fazer o filme do modo como bem entender, embora o público vá procurando algo próximo da maravilhosa biografia escrita por Fernando Morais. Guilherme preferiu realizar sua experiência tropicalista misturando Assis Chateaubriand, Getúlio Vargas e Carlos Lacerda numa verdadeira salada de frutas sem pé nem cabeça e sem o menor compromisso com a realidade, a não ser com sua visão política capenga ou paupérrimo surrealismo padecedor de sua influência televisiva, apoiado num julgamento farsesco em forma de programa de TV que mal retrata a relação do dono de jornal, eterno corrupto, com a política. Justamente porque optou por uma obra de ficção, criando personagens que deixam em dúvida o espectador, que procura uma conexão com a História mas é obrigado a ficar a sós com a criatividade do pretensioso Guilherme Fontes, se não fora a qualidade do elenco e do Chatô, interpretado brilhantemente por Marco Ricca , minorar a decepção. Os atores não permitem que se abandone o escurinho do cinema, mas a plateia fica boquiaberta com o disparate apresentado pelo cineasta Guilherme Fontes.