Direção de Miroslav Terzic e indicado pela Sérvia para disputar o Oscar de melhor produção internacional, mas não selecionado. Em atuação low profile, mas sensível, Snezana Bogdanovic, no papel de mãe, sofre por vinte anos convicta de que seu filho, alegado natimorto pelo hospital, na realidade teria sido vendido para um esquema de adoção ilegal que vigora até os dias atuais na Sérvia. Sem ninguém acreditar nela, seja seu marido, sua filha, irmã, amigas, e ameaçada pelo sistema policial corrupto, herdado do regime comunista, ao investigar onde seu filho foi parar: se debaixo da terra ou nas mãos de outra mãe. O espectador lida com o crônico descrédito, a desconfiança com o estado mental da mãe, a ameaça de prisão, a invasão ao hospital, a investigação nos segredos da burocracia sérvia, revelador da mentalidade que campeia no país. Um filme muito honesto, inteligente, sem trilha sonora, sem verborragia — a frustração ou a mentira estampada nas fisionomias dizem tudo.
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