A democracia americana se renovou nessas eleições sob o signo da morte. A guerra é o sétimo selo. Desconversou-se sobre os motivos que levaram à ocupação, muito distante. Paz significaria bater em retirada, recuo, um convite à invasão do solo sagrado americano, enfim, uma vitória dos muçulmanos, como se não bastasse a dos vietnamitas. Entre Bush e Kerry para senhor da guerra, melhor o Bush, já bem entrosado no ramo, embora tenha levado pau no vestibular para soldado. O combatente Kerry não é mais o mesmo, depois de ter casado com a herdeira do ketchup Heinz – inadequado para dirigir uma nação com alma de igreja.
Os Estados Unidos miram-se no belo exemplo da Inglaterra, sua aliada, co-irmã e esposa fiel na comunhão da ideologia do porrete para quem ousar ofender a liberdade de expressão, num arco que vai do skinhead à Al-Qaeda. Emergiu do fog para ir até quase o Pólo Sul e resgatar as Malvinas do ditador argentino de plantão que, bêbado, não atinou que a ilha só se presta ao ostracismo. Comprovando que o 4 de julho acabou se convertendo num gentlemen’s agreement.
Falaram mais alto as torres caídas ao som de “New York, New York”, cantada por Sinatra, o que ofende e merece pronta resposta. O islamismo não é capaz de captar a sensibilidade hollywoodiana, se de Meca chora o petróleo derramado em detrimento dos costumes árabes que não se renderão à podridão da sexualidade ocidental: um flagrante desrespeito às esposas e o mau exemplo do casamento gay.
Maktub! Ocupar o Iraque não satisfez a vingança de um povo que cultua a guerra. Apesar de seguir o evangelho à risca e não exercer o perdão – que foi feito para amar. A autonomia com que se organizou os estados americanos instila o espírito da secessão como contraponto do espírito belicoso.
Não que seja fácil perdoar o danado do Osama em vídeos que espalham pânico 1, 2, 3, mas o ódio sacrifica o equilíbrio do planeta, promove o terrorismo nuclear em nível caseiro e mata soldados americanos todos os dias.
Os americanos vivem voltados para si, pouco se importando com o planeta que globalizou. Ora, se constituem um império que derrotou a lavagem cerebral comunista, não vai existir profeta que lhes impute o isolamento a que se relegaram. Ademais, império por império, o romano não lhe faz sombra, daí a César o que é de César. E ainda pegam uma carona na democracia ateniense para fazerem jus aos direitos autorais desse apanágio que é a liberdade de expressão, livres do ranço intelectual helênico.
Embora não entendam por que Sócrates preferiu ingerir a cicuta ao invés de fugir.