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COINCIDÊNCIA

Já lhe aconteceu de, repentinamente, uma pessoa vir à sua mente e logo em seguida ela chegar via e-mail, enviar uma mensagem ou mesmo lhe telefonar?

Ou uma cena do cotidiano acontecer quase que exatamente como um sonho que teve na noite anterior?

Essa fenomenologia, a que ninguém dá bola e banaliza como apenas uma coincidência, na falta de uma explicação melhor, Jung chamou de sincronicidade em 1950. Eventos que ocorrem simultaneamente e que se interligam sem haver uma causa aparente.

As pessoas tratam a coincidência como um absurdo, mesmo quando ocorre consigo mesmas, não se dando ao trabalho de abrir o tampão de suas cabeças para maiores explicações ou levar o assunto mais a sério. Jung esclarece que muitos fatos estão interligados de forma tão explícita que parecem pré-estabelecidos, sendo impossível aos envolvidos forjarem a situação e, portanto, considerá-los como mera coincidência.

O caso mais inacreditável é o de Émile Deschamps, poeta francês do século XIX, quando provou na infância uma fatia de pudim de passas presenteado por um senhor inglês chamado Fontgibu – doce pouco conhecido na França. Dez anos mais tarde, quis comprar o único pedaço do pudim de passas exposto na vitrine de um restaurante, mas descobriu que um Mr. Fontgibu já o havia encomendado. Passa-se o tempo, convidado a um jantar onde seria servido o pudim de passas, brincou, resignado, que só faltava o tal de Mr. Fontgibu aparecer para acabar com sua alegria. Eis que surge um senhor meio desnorteado, apresentado pelo seu criado que ia à frente como Mr. Fontgibu. Não disse? – Deschamps comenta. Mas Mr. Fontgibu se enganara, o seu jantar era na casa ao lado. Vá saber o que tem por trás dessa história!

Atualmente, a teoria da sincronicidade do espiritualista Jung é considerada pseudocientífica por não se basear em evidências experimentais. A linguagem espírita ainda não é percebida na magnitude do alcance das coincidências, e os sinais não captados dificultam sobremaneira sua interpretação. Bem que Jung tentou trazê-las para o acolhimento da ciência, como fenômeno mental ou parapsicológico, mas as coincidências são de ordem espiritual para nos prevenir quanto ao que está por vir ou chamar a atenção para passos recém-dados, devendo revisitá-los.

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Antonio Carlos Gaio
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