Quando tentam nos experimentar e aniquilar com nossas energias, não vacilamos em acender o pavio para detonar a dinamite da cólera. Ou então chega o dia em que somos convocados para o teste da dignidade pessoal, machucados pelo espinho da desconsideração ou mesmo atingidos pelo dardo do insulto. Alvejados no nosso amor-próprio.
A partir daí, passamos a colher prejuízos com a irritação fácil e desgovernada. Por não sabermos opor com reservas morais entesouradas em nossa alma, para seu uso na hora adequada, ao assédio das provocações, tais como paciência na adversidade, resistência à tentativa de magoá-lo, fé nos instantes de não saber o que fazer com a raiva, e dotar-se de uma persistência e generosidade perante as múltiplas solicitações da provação a que é submetido.
Se não formos hábeis e serenos para dispor suficientemente de humildade e compaixão, eis que desperta a altivez ferida e acende o estopim da cólera, que irrompe numa fuzilaria de pensamentos descontrolados, arruinando preciosas edificações espirituais levantadas até então, podendo desconstruir o futuro.
É preciso asseverar que a cólera em nada ajuda o que pretendemos pôr nos eixos, além de propiciar ganho de causa aos nossos inimigos e obsessores, fortalecendo os seus propósitos de explorar nossa evolução sujeita a percalços e desmanches.
Por outro lado, não se está a pregar a passividade mansa nem a doçura etérea como padrão de nosso comportamento, porquanto surgem situações que reclamam a estrita providência ou adotar o tom salgado da advertência. Como a de Jesus Cristo que, encolerizado, expulsou os vendilhões do Templo, a chicotadas, por eles terem transformado um local sagrado para meditar e rezar num grande mercado. O que demonstra que até os mais puros, quando muito aviltados, podem se deixar dominar pela ira.