Dá para notar porque Aécio está preocupado em reafirmar que os tucanos não são golpistas. Por saber que pode contar com a Justiça por beneficiar o PSDB na maioria dos escândalos em que está envolvido, a julgar, dentre outros, pelo mensalão tucano e o caso Satiagraha, em que o banqueiro Daniel Dantas, artífice das privatizações, se safou da condenação líquida e certa. Sempre graças à atuação fundamental do juiz supremo e agente político Gilmar Mendes. Para que não façam ilação das próximas decisões de um Tribunal de Contas ou Tribunal Eleitoral ou de um juiz Sérgio Moro, o mestre em denúncia seletiva, com a anulação das eleições, e Aécio vir a ganhar um mandato de mão beijada. Contudo, mesmo com o desgaste dos anos e de alianças bisonhas, o PT tem uma base social que ninguém pode subestimar, base essa que as pesquisas não sabem medir e que dá as caras próximo das eleições, ainda mais no caso de haver golpe por meio de um impeachment arranjado. O Brasil mergulharia numa convulsão já que o impeachment exige que o povo vá pra ruas, mesmo que dessa vez seja a elite associada à classe média paulista. E a classe política do nível do Eduardo Cunha (a maioria), que aprovaria o impeachment no Congresso, tem perfeita noção de sobrevivência, e sabe que com isso não pode brincar, nem obedecer aos recados da mídia através de seus editoriais. Toda a raiva acumulada pela campanha de ódio da direita e da mídia se traduziria num movimento igual e contrário, e ambos entrariam em confronto com consequências imprevisíveis.