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COMO EU VEJO AS CORES

Espero que compreendas como eu vejo as cores. Se não és daltônico. Ou desafinado nas sutilezas. Ou não versado na prosa que aparentemente não diz nada, para ver se estão prestando atenção. Não adianta me olhar de revés. Não sou eu o esquisito. 
O mundo é que não é cor de rosa. Só não é verde de esperança porque a coisa está ficando preta, não havendo azul do céu que dê jeito no amarelo de pessoas mal resolvidas, restando a mim não ficar vermelho de raiva, pois se eu souber esperar… ah, se eu souber esperar! Tudo passa, tudo passa, tudo passa em branco.
Se na mais obscura das ignorâncias eu diviso brilho. O brilho da rainha esmeralda. A luminância da ametista, que nome lindo para se apaixonar! O arrebatamento se socorre das cores para elevar ao divino o mais sublime dos amores.
Mas cores nos desassossegam. A eterna disputa entre ouro e prata. O bronze utilizado nos canhões. O marfim impulsionou a caça aos elefantes. O roxo dos bispos a nos ordenar como missionários do mais cristão dos mundos. O ocre das mansões sólidas. O marrom das pontes levadiças. As nuvens escuras que pairaram na Idade Média sobre castelos cinzentos, berços de vampiros e lobisomens. A laranja mecânica. A marca registrada do comunismo russo e do império chinês: o vermelho.
No entanto, não existe cor igual à chama violeta. Uma energia de vibração elevada que penetra no nosso sistema nervoso, coração e cérebro, transmutando a causa, o efeito e a memória de nossas tendências negativistas, quando, com pensamentos, sentimentos, palavras e atos contaminados pelo pessimismo, criamos um campo propício ao rancor, ressentimento, ódio gratuito e ao julgamento que leva à condenação. Fechados até a alma, ingressam na rota da circularidade e dão a volta em todo o planeta, unindo-se a outras energias afins. O negativismo, assim ampliado, retorna a quem o remeteu e acumula-se em suas células e no seu entorno, atraindo variados tipos de problemas, doenças, conflitos, estresse, depressão. Se não fosse a chama violeta, que transmuta todas as energias negativas em energias positivas. Para tudo ficar azul.

Antonio Carlos Gaio:
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