Quando os rebeldes tomaram conta de Trípoli, partidários de Kadafi mudaram de lado com uma facilidade de estarrecer, constituindo na prova definitiva do cinismo reinante, quando pensar o contrário significava prisão ou morte e empregos dependiam de estar bem com o “homem”. Quase todos tinham duas caras para sobreviver. O que explica por que as forças leais ao regime desmoronaram rapidamente e fugiram para salvar o próprio pelo, comportando-se como as “mulherzinhas” de Kadafi. Alguns alegam que era uma questão de negócios: vender para quem, senão aos covardes e bajuladores do Kadafi? Por isso, praticamente todos os que não foram enjaulados nos 42 anos de ditadura eram de alguma forma cúmplices de um reinado sem coroa, terrorista e torturador. Agora é hora de deixar de lado o ressentimento e reconstruir o país, excetuados os envolvidos com matanças, que estão se refugiando em Níger, Chade e Burkina Faso – primos pobres da Líbia. Por tudo, igualzinho ao tempo do nazismo! Como saber quem foi inimigo e estava falando a verdade pró-Kadafi e que agora trocou de lado? Diante do aparato opressor, quem realmente baixou a cabeça e atualmente assume o novo regime como a salvação da lavoura? Quem é quem, se ninguém dá mais importância a vender sua alma? Se tratam do futuro de seu país como se fosse um troca-troca de bugigangas em um mercadão e de que forma continuar a levar mais vantagem.