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“CYRANO, MON AMOUR”

O espetáculo foi aplaudido ao final da exibição. Mas não é um teatro filmado. Em 1897, Edmond Rostand (1868-1918) recriou a pompa e circunstância de outro texto teatral, o clássico “Cyrano de Bergerac”, dramaturgo (1619-1655) a quem admirava, quando bateu à época o recorde de bilheteria de teatro de todos os tempos na França. A fórmula de Rostand misturou 10% de ficção a 90% de realidade com fatos em torno de sua vida e na de outros atores, forjando cartas de amor que se tornaram verdadeiras quando pronunciadas por seus personagens, incorporando comentários ouvidos nas ruas e nos bares, a desmistificação dos atores se confrontado às pessoas comuns, até onde a vida real pode se imiscuir na arte. Hoje, o gênero ficção e realidade vem superando a biografia. “Cyrano, mon amour” é o primeiro longa dirigido pelo também ator e roteirista Alexis Michalik (interpreta o dramaturgo Feydeau), sendo baseado em sua peça “Rostand”, encenada por ele em Paris, em 2016. O resultado de cruzamentos e sobreposições em que a realidade atropela a ficção é um movimentado filme dividido entre comédia, romântico e pinceladas de drama que homenageia Rostand e outras figuras do teatro parisiense no final do século XIX, como a atriz Sarah Bernhardt. Cujo concubinato entre a sétima arte e o teatro nos enche de prazer e encanto, até por dividir com o respeitável público toda a intimidade da dramaturgia francesa.

Antonio Carlos Gaio:
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