Há pessoas que confundem opiniões políticas incisivas, fortes e veementes, encerrando apenas um caráter que desconstrói entusiasmadamente o pensamento em contrário, com manifestações de ódio induzidas por um fascismo contido. Se se fizer acompanhar de sarcasmo então, contêm até um nazismo escondido. Elas apregoam ternura no lugar da contundência, valendo-se de Guevara e dos bascos como referência. Fazem uma leitura romântica e alienada, com um ar de sophisticated lady ou lorde esnobe, que em nada condiz com a violência da revolução cubana ou da guerrilha basca. São pessoas que não são oposição nem governo e se destemperam quando julgam equivocadamente que o pensamento contrário tenta demovê-las de cima do muro, ao atalharem seu ponto de vista. Quando o seu real conflito é consigo mesmas, por não encontrarem um modelo político ou uma candidatura de absoluta confiança que possam abraçar ou que estejam à sua altura. É verdade que o ovo da serpente pode ser encontrado em qualquer lugar, até mesmo em quem demanda frear o fragor do entrechoque de ideias, assustado com a virulência empregada, como se o parir de novos conceitos não adviesse de um parto doloroso. Geralmente ocorre quando não temos bem formulado o que queremos e nos desesperamos com as opções postas à mesa. Dá vontade de não brincar mais!