Desde o século XV todo o Oriente Médio estava sob o domínio do Império Turco Otomano, que se estendera do Norte da África às portas de Viena. Depois de enfrentarem os cruzados e dominarem Portugal e Espanha por 700 anos, os árabes perderam o passo, se atrasaram e não acompanharam o trote da civilização. Cidades e regiões formaram províncias autônomas com governantes indicados pelo sultão turco, assim se perdeu por completo a parca noção de país reconhecida nas tribos e clãs muçulmanos. A dominação turca acabou por fortalecer o nacionalismo árabe em busca de autonomia.
Antes precisaram se livrar da tutela do colonialismo, sobretudo inglês, em torno do ouro negro. Ganharam coragem para retirar Israel de suas terras na guerra do petróleo e não conseguiram. Ou as terras pertencem ao reino de Israel graças ao profeta Moisés, que mandou o Mar Vermelho abrir as pernas? Afinal, o povo judeu precisava procriar, crescer e se espalhar numa diáspora sem fim, viver a sua sina e lenda.
Tanto barulho por religião, se a conquista de Darwin é universal. A seleção natural é capaz de explicar uma enorme variedade de fenômenos complexos. Não é uma teoria do acaso, ao contrário, nos permite escapar ao fortuito, como se isso fosse possível com organismos tão formidavelmente ambíguos quanto aqueles que vemos diante das barbas de Maomé.
A seleção natural não opera cegamente; de geração em geração, ela preserva os genes que apresentam vantagens e elimina aqueles que acarretam prejuízos ao organismo, no sentido evolutivo. Gradualmente. A beleza e grandiosidade de tal universo auto-reparador só pode significar que há um projeto deliberado, um desenho inteligente, à feição de Deus.
Menos para os cientistas em oposição a Deus. Admitir que a vida foi criada por Deus implica na necessidade adicional de explicar a existência desse ser, quando a seleção natural demonstra, por si só, através da imensa gama de seres vivos existentes em natureza igualmente complexa. Com ou sem um ser divino, a seleção natural continuaria com o mesmo leitmotiv e capacidade para operar a natureza.
Os genes são unidades auto-replicantes que transmutam uma geração replicando de uma mente para outra como se fosse uma melodia, um poema, desde que na promiscuidade da presença uns dos outros, como se fosse um vírus no computador.
Pelas barbas do profeta! O vírus representa uma chuva de meteoros que visa abater menos o computador e mais o cerne do coração. De quem opera e interage com o computador, de frente. Em silêncio. Ocupando uma parte substancial de sua alma. Principalmente a parte onde a solidão se estabelece, demandando ser correspondida com uma profusão de e-mails que mais parecem curtas-metragens animados com mensagens que despertam interesse desusado. Além de: piadas de gosto duvidoso, bombardeios políticos maniqueístas, aulas de bom-mocismo, esoterismo a preço de atacado, correntes, cursos, anúncios e ofertas, ofertas para dar e vender. E até mesmo crônicas.
Quanta esperança depositada na vontade de se relacionar no plano etéreo. Em cérebros repartidos por crenças num nicho e ciência noutro, premidos pelo sentimento de espanto e mistério diante do universo que demanda conforto espiritual.
A espécie humana tem uma necessidade natural de religião, enquanto a ciência não discute ética, não julga, não pondera. Considera uma brincadeira de mau gosto o atual homem como pináculo da evolução, pretendendo detoná-lo ao compará-lo com o primata logo que conseguir resgatá-lo através da clonagem. Se Deus quiser.