Hedy Lamarr foi considerada a atriz mais bela do mundo na década de 40. Depois de protagonizar o primeiro nu frontal feminino da história do cinema em “Êxtase”. Celebrizou-se em “Sansão e Dalila” quando seduziu o herói bíblico para tosar seus cabelos e retirar-lhe a fortaleza, levando-o à ruína. Trocou a vida artística pela engenharia eletrônica, sendo reconhecida pelo governo norte-americano no desenvolvimento do sistema de radar do avião invisível e do equipamento de transmissão hoje usado em celulares.
Passou os últimos anos de sua vida sozinha e esquecida. Ao contrário de Connie Reeves, a legendária amazona dos Estados Unidos. Nasceu em cima de cavalos e surpreendeu o público com vários estilos de montar. Durante 70 anos ensinou a cavalgar mais de 30 mil moças. A própria personificação do centauro. Se possuísse um reino, o trocaria por um cavalo. Um dos raros casos em que alguém rogaria a Deus para reencarnar como uma égua. De animal, basta o homem.
Assim também pensava Hedy Lamarr, ao se recusar a dormir com os chefões dos estúdios e ser boicotada. Se estribava na máxima de o que as outras fazem por dinheiro, apenas o amor regula a sua vontade. Desprezava a expressão corporal que levava ao estrelato hollywoodiano, minimizando a sedução das telas, pois que basta ficar parado e fazer cara de burro, se quiser transparecer mistério.
Um contundente sentido da realidade. Contrário a concepções românticas da vida, de idealizar o real. Com a isenção e a agudeza de uma cientista, Hedy Lamarr pintou um quadro da realidade banal que assola o cotidiano, se esquecendo de que fatos e personagens se misturam em busca de algo que os retire da mesmice da modorra. No afã de despertar para uma outra realidade.
Como a que aconteceu a Connie Reeves, que encontrou a morte aos 101 anos, jogada ao solo por seu cavalo favorito. Interrompendo um namoro que não pressupunha exclusividade e em cuja realidade pôs o melhor de sua arte.
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