A Lei da Mordaça proíbe as autoridades policiais e judiciárias de darem informações à imprensa sobre o que se passa nos inquéritos dos criminosos do colarinho-branco. Ela ainda não entrou em vigor e o objetivo é calar Nicéas e Pedros, obrigando a nos conformar com a xepa da feira e engolir a banda podre da sociedade. “Que falem mal, mas falem de mim” caiu no domínio público do político. A boca foi feita para falar. Para dizer o que pensa, como Maluf se referindo ao afilhado Pitta: “Se sujei, limpo”. Para soltar impropérios e prometer que irá dar um basta a partir de hoje, e não cumprir. Para dizer que eu te amo e ceder à tentação mais fácil e vulgar.
“Ele fez a minha boca para uso próprio”, declara orgulhosa a socialite carioca Márcia Pinheiro, sobre a plástica realizada pelo namorado e cirurgião Marcio Collovati, para que os lábios ficassem carnudos como os da vencedora do Oscar Angelina Jolie.
Horrorizado, ACM prefere que Deus o fulmine na véspera, quando os comentários engrossam sobre sua eventual aposentadoria política. Também não é para menos, usaram sua imagem sem consultá-lo na produção hollywoodiana exibida nas telas paulistas intitulada “A mulher faz o homem”.
Em boca fechada não entra formiga. Entrou na do goleiro Barbosa. Que faleceu em conseqüência de um derrame cerebral, condenado por torcedores inconformados com o gol de Ghiggia em 1950, que o transformou no estigma do azar. Agora só a justiça divina para o bode expiatório da mais triste derrota do futebol brasileiro livrar-se desse carma.
Em boca fechada não entra é mosca, que adora banda podre e detestou a falação de antropólogos e cineastas sobre a polícia do Rio prender de menos. Mordido pela mosca azul, Garotinho pensou ter acertado na mosca e comeu mosca; agora, engoliu a língua e trabalha em silêncio para que não o transformem em mosca morta.
É por isso que Eurico Miranda determinou que Edmundo e Romário calassem a boca. Determinou não, “aqui no Vasco quem manda sou eu, não preciso dar satisfação a ninguém dos meus atos. Os jogadores não têm opinião: um dia falam uma coisa, outro dia falam outra.”
O prudente é fazer boca-de-siri, porque ninguém está livre de acontecer uma tragédia e sucumbir com quem só abriu a boca para torcer pelo time do coração. E receber de volta um rojão, lançado para festejar um gol no campeonato peruano, que cruzou todo o Estádio Nacional de Lima, terminando alojado no olho esquerdo de um jovem. O impacto do foguete foi tão forte que a mãe de Pepito tentou, sem sucesso, durante quase um minuto, arrancá-lo da face. As cenas da tragédia foram acompanhadas ao vivo pela televisão. Pepito, 17 anos, morreu nos braços de sua mãe. Tinha Síndrome de Down.