Um artista famoso, quando produz uma obra para quebrar certos padrões de visão do comportamento humano que o oprimem, não pode ser burro de pensar que não irá causar comoção, apenas por também refletir aspectos fundamentais de sua pessoa. Não adianta se escudar no desejo profundo de ser um autor de peças populares bonitas, aceitas e consagradas por todo o mundo, e que esse negócio de provocar para causar escândalo não é o seu alvo. Ninguém acreditará que o seu desejo legítimo é o de agradar, pois nem todos alcançam que a arte é o espírito jovem se manifestando, a despeito do corpo que envelhece, para substituir o que há de caquético no patético. Contudo, se o artista professar que não acredita em alma, detentor que é de tanta sensibilidade e talento, aí provoca decepção, senão raiva, por não crer em poder morrer feliz com o acervo que legou às gerações seguintes. Se quando o período mais infeliz de sua vida foi aos 20 anos, mas só se realizou com 60. Um sinal de movimentação do espírito para se adaptar e se encaixar no tempo certo de amadurecimento.