Qualquer estrangeiro estranha no Brasil a presença maciça de negros em trabalhos serviçais. Nem precisaria, é fratura exposta na TV. Dizem eles: sinais claros de uma sociedade ainda escravocrata. Com a qual nem os turistas brasileiros, quando retornam do exterior, se amofinam, mais preocupados com consumismo. A proporção de professores e alunos negros na universidade em contraste com a realidade das ruas. O reduzido número de negros e pardos em cargos de relevo resulta de discriminação ao longo de nossa história. E o regime de cotas raciais em favor da reserva de vagas em universidades a estudantes negros é um programa de ação afirmativa como forma de compensar a postura biltre do Estado, reforçada pela ditadura e de quando o autor da ação contestatória, o DEM com outros nomes, fazia parte do poder. Repugna o caráter marginal próprio daqueles que se opõem a essas políticas e que culpam os africanos pela escravidão, como o limitadíssimo senador Demóstenes defendia. São cidadãos com a gênese da Ku Klux Klan que propalam a quebra do princípio do mérito na qualidade de ensino com o mau desempenho dos cotistas. Posam de modernos e inteligentes ao adotar o princípio de que não há mais raças e sim o ser humano como um todo a zelar por seus direitos – e as cotas discriminam raças. Pouco se importando com o anterior sistema de ingresso na universidade, que estratificava as distorções e excrescências de nossa sociedade, a copiar com boa caligrafia a mesma elite dirigente ad eternum. Se o racismo dissimulado construiu uma hierarquia de valores baseada no chicote, somente através da educação para desmantelar essa cadeia, não se atendo o combate à discriminação à esfera penal. O poder público tem a obrigação de viabilizar a ascensão socioeconômica dos negros, a despeito de brancos azedos e miscigenados que não têm espelho em casa torcerem o nariz.
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