O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos maiores chefetes da repressão política durante a ditadura militar, ao acusar e ofender a presidente Dilma de participar de organizações terroristas com a intenção de implantar a ditadura do proletariado, perdeu uma excelente ocasião para ficar calado na Comissão da Verdade. O então capitão Ustra era senhor da vida e da morte ao circular pela área de sessões de tortura, especialmente quando tinha presos importantes sendo interrogados, segundo um de seus auxiliares, o ex-sargento Marival Chaves. Cadáveres de presos políticos torturados e mortos nos chamados centros clandestinos de tortura – fora do aparato oficial de repressão – eram levados para o DOI-Codi de São Paulo para serem exibidos como troféus para êxtase da alta oficialidade abraçada aos jagunços da tortura – Ustra era o comandante dessa macabra visitação pública. Do cardápio constavam injeções letais, esquartejamento, ocultação de cadáveres e farsas montadas para disfarçar execuções sumárias em forma de mortes decorridas de combates. A única declaração sensata do coronel Ustra foi a de que o Exército e o presidente da República (Médici, à época) é que deveriam estar no seu lugar na Comissão da Verdade para responder por suas responsabilidades – no banco dos réus, até porque o regime usou bombas de napalm para destroçar a guerrilha do Araguaia. Ustra alega que apenas cumpriu ordens, lavando as mãos como Pilatos. Igualzinho aos asseclas do Hitler. Considerando seu estado de saúde, que inspira cuidados, e o que lhe espera, faltou mais humildade e dignidade. A verdade de um carniceiro.
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